Folha de S. Paulo


Análise: Cálculo que definiu reajuste de trem e metrô foi político

O critério que amparou a decisão de reajustar em apenas 6,7% as tarifas de ônibus, metrô e trens da CPTM foi eminentemente político.

Poucos indicadores têm o poder de derrubar rapidamente a popularidade de governantes quanto o famigerado preço das passagens.

Tarifas de trem, metrô e ônibus de SP subirão para R$ 3,20
Aumento de tarifa já gerou agitação política em outras capitais

A diferença de alguns centavos na tarifa unitária significa impacto maior ou menor na vida de milhões de usuários que viajam espremidos, perdem horas no trânsito e, não raro, sofrem com panes, greves ou acidentes que tornam caótico o que é precário.

Fernando Hadadd postergou o quanto pôde o aumento do ônibus. Eleito com um plano ambicioso para a área de transporte público, sabia que seria fatal para a avaliação inicial de seu mandato dar uma paulada no bolso dos eleitores logo de cara.

Editoria de Arte/Folhapress

Com a inflação de volta ao rol dos problemas nacionais, o governo federal pressionou pelo adiamento do reajuste e cuidou para que ele fosse abaixo da inflação acumulada desde 2011, quando a tarifa subiu pela última vez.

Por fim, há o papel de Geraldo Alckmin nesse roteiro. O tucano e o petista concordaram em discutir de forma coordenada a recomposição tarifária não só porque o transporte metropolitano da capital está integrado por meio do Bilhete Único.

Ambos sabiam que quem anunciasse preço maior sofreria sozinho o desgaste que, desta forma, pode ser partilhado --e mitigado pelo discurso de que deram gordo subsídio para tornar o remédio menos amargo.

Resta saber se tanta generosidade não vai afetar a já ínfima capacidade de investimento desses governos.

E se não será preciso dar reajuste maior em 2014, ano eleitoral, quando isso seria ainda mais impopular.


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