De Charles Romuald Gardes o paulistano Antonio Angelo Blanes conhecia os mínimos detalhes da vida, guardava fotos, juntava recortes de jornal e possuía CDs e DVDs.
Charles Romuald Gardes, mais conhecido como Carlos Gardel, foi o grande ídolo de Antonio, um supervisor de vendas que dedicou muitas noites de sábado a ouvir tango com o grupo de amigos no clube Democrático, no Ipiranga, na zona sul de São Paulo.
Filho de um alfaiate espanhol que depois se aventurou no comércio, Antonio começou a carreira como securitário. Passou pela empresa Swift antes de entrar para a Henkel, de produtos de limpeza, onde ficou por cerca de 30 anos, segundo a família.
Aposentou-se cedo, aos 52 anos. A filha Angela lembra que, quando o pai encerrou suas atividades na empresa em que trabalhara por décadas, ganhou um plano de saúde vitalício, viagens e prêmios, como agradecimento.
Mesmo assim, continuou ativo até o ano passado, atuando no ramo dos seguros.
Falava bem o espanhol, por causa do pai, e adorava a Argentina, para onde foi algumas vezes --inclusive para conhecer o túmulo de Gardel.
Conhecia as letras e a história dos compositores de tangos. Também adorava dançar.
Grandalhão e de voz grossa, respondia pelo apelido de Capitão, que ganhou dos amigos que trabalham na polícia.
Lia jornais de cabo a rabo e gostava de política. Admirador de Fidel Castro e Che Guevara, considerava-se comunista.
Morreu na quinta (9), aos 81, devido a um câncer descoberto há dois anos. Deixa viúva, dois filhos --do primeiro casamento-- e três netos.
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