"Em muitos casos é mais seguro andar na favela de madrugada do que em áreas nobres das cidades." A frase é do estudante universitário Bruno Pedroso Ribeiro, 23, baleado durante um assalto na noite de terça-feira (14), enquanto saía da PUC (Pontifícia Universidade Católica), em Perdizes, zona oeste da capital paulista.
O comentário de Bruno foi publicado em outubro de 2011 em um blog do curso de Relações Internacionais.
Leia o texto do estudante na íntegra
Socorro a estudante da PUC baleado demorou o dobro do normal
Imagens mostram momento em que aluno da PUC é baleado; veja vídeo
Após cirurgias, universitário baleado continua na UTI em estado grave
Testemunha diz que aluno da PUC baleado não reagiu
No texto "Engessando Conceitos: a ascensão do crime a imobilidade do 'Estado'", Bruno reflete sobre conceitos como Estado e sociedade.
"Basta apenas conversar com moradores dessas comunidades para descobrir que essas organizações criminosas fornecem serviços como alimentos, gás, remédios, emprego (informais, claro), e mais curiosamente, fornecem segurança e justiça, por mais arbitrária que seja. Elas, sem dúvida, possuem um poder de atração. São reconhecidas e legitimadas", completa.
| Arquivo Pessoal |
 |
| Estudante Bruno Ribeiro foi baleado em Perdizes |
O universitário questiona ainda essa assistência dada por pessoas comuns, e não pelo Estado. "A realidade das favelas brasileiras, em destaque as de São Paulo e do Rio de Janeiro, retratam fenômenos que a ciência política sofre em responder", afirma.
Outras pessoas debateram o texto com o estudante por meio de comentários no blog, ressaltando, por exemplo, que os moradores da comunidade não são prioridade dos criminosos que atuam no local.
"A realidade é muito mais ampla e complexa e só vamos começar a compreender o seu funcionamento se utilizarmos conceitos que não reflitam uma realidade imutável", responde Bruno.
O site "PET Relações Internacionais PUC-SP" faz parte do programa de educação tutorial do Ministério da Educação, que visa apoiar atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão. Estudantes e professores que participam do projeto recebem apoio financeiro do governo.
CRIME
Imagens divulgadas ontem mostram o momento em que o estudante foi assaltado. O suspeito, que usava capacete durante toda a ação, desce da moto e leva o celular da vítima. Bruno foi baleado no pescoço e passou por duas cirurgias.
De acordo com testemunhas, o jovem não reagiu.
Até a noite de ontem, ele permanecia internado na UTI do Hospital das Clínicas. De acordo com o boletim médico divulgado, o estado de saúde dele é grave, porém estável. (JULIA BOARINI)