Folha de S. Paulo


Clubes mostram resistência em aceitar aumento do aluguel do Pacaembu

Maiores usuários do Pacaembu, os quatro grandes clubes paulistas têm, em menor ou maior grau, resistência a um aumento do aluguel do estádio municipal neste ano. A Prefeitura de São Paulo afirmou que planeja subir o preço do aluguel do estádio ainda neste ano.

Corinthians e Palmeiras são os mais resistentes, especialmente porque hoje atrelam o uso do estádio aos respectivos programas de sócio-torcedor, estratégia de fidelização de público que cresceu muito nos últimos anos e passou a gerar receita permanente aos clubes de futebol.

Prefeitura deixa de arrecadar R$ 3 mi por ano com 'desconto' do Pacaembu

A alteração do preço do aluguel do Pacaembu foi feita em 2010 após pressão dos clubes, em especial do Corinthians, que ameaçava deixar de jogar no estádio.

O Corinthians foi o time que mais se beneficiou com a mudança -as rendas da equipe representaram 74% dos R$ 9,4 milhões que a prefeitura deixou de arrecadar nos três anos após a fixação do limite máximo de cobrança para aluguel do Pacaembu.

"Todos saíram ganhando [com a mudança no aluguel do estádio]. O Pacaembu ficou mais atrativo para o Corinthians e para os outros também. Todos tiveram vantagem, inclusive o município", afirma o gerente de arrecadação do Corinthians, Lúcio Blanco.

O diretor financeiro do Corinthians, Raul Corrêa, admite que o uso permanente do Pacaembu nos últimos anos pelo clube ajudou o plano de fidelização do público. Ele não quis falar sobre o déficit do estádio municipal nem opinar sobre um eventual aumento do aluguel. "A prefeitura é dona do estádio. Nunca vi o balanço do Pacaembu", diz.

O diretor-executivo do Palmeiras, José Carlos Brunoro, anunciou na semana passada o Pacaembu como a "casa" do time na segunda divisão do Campeonato Brasileiro deste ano, mas diz que teria que "rever as contas" se a prefeitura resolvesse aumentar o aluguel.

"Se fosse aumentar [o aluguel do estádio], realmente a gente precisaria fazer conta", diz Brunoro, para quem o Pacaembu tem um ganho que extrapola a questão puramente financeira.

"A taxa de aluguel pode até ser alta, mas no todo há um ganho, em termos de ações de marketing, de logística do estádio e na parte técnica. Tendo uma casa, você fideliza o público", afirma o dirigente palmeirense.

O preço de aluguel do Pacaembu é "alto", como citou Brunoro, se comparado com o estádio municipal de Barueri, cujo aluguel é 2% da renda bruta.

Na comparação com o estádio do Morumbi, entretanto, o estádio municipal é hoje mais rentável que a arena do São Paulo, na visão do vice-presidente do Santos, Odílio Rodrigues. "Mas não foi por causa do teto [do aluguel] que o Santos passou a mandar jogos no Pacaembu. É decisão política desta gestão para ficarmos próximos à nossa torcida", diz.

"A prefeitura tem que ter uma visão de mercado para não elevar o preço de modo a inviabilizar os jogos dos clubes no Pacaembu", afirma o dirigente santista.

Mesmo o São Paulo, time grande que menos jogou no Pacaembu nos últimos anos, vê com bons olhos o atual valor do aluguel do estádio, com limite máximo de cobrança.

"Somos favoráveis [ao atual sistema]. Os clubes ganham com isso", afirma o diretor financeiro do clube, Osvaldo Vieira de Abreu.

Editoria de Arte/Folhapress

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