Folha de S. Paulo


Fórmula para adulterar leite no RS era vendida por R$ 10 mil, diz promotor

A fórmula do composto de água e ureia usada para adulterar leite, aumentando o lucro de transportadoras no Rio Grande do Sul, era vendida por R$ 10 mil, afirmou o promotor do Ministério Público Mauro Rockenbach em entrevista à RBS, afiliada gaúcha da Rede Globo.

Rockenbach atua na Operação Leite Compen$ado iniciada na última quarta-feira (9) após a descoberta de contaminação em lotes de leite de seis marcas.

"Eles descobriram uma fórmula de mascarar a adição de água e com isso lucrar com 10% no volume. Essa fórmula era vendida entre eles por R$ 10 mil", disse Rockenbach em entrevista ao "Jornal do Almoço", da RBS.

Durante a entrevista ele diz que para cada 100 litros de leite, eram adicionados nove litros de água e um de ureia. Ele criticou o "relaxamento" das indústrias em não fiscalizar os produtos para detectar a fraude.

INVESTIGAÇÃO

Um dos suspeitos de integrar um esquema de adulteração de leite no Rio Grande do Sul negou nesta sexta-feira (10) participação na fraude.

Segundo o promotor Mauro Rockenbach, o suspeito --que não teve seu nome divulgado-- afirmou que "só fazia o transporte, nada sabia, sequer desconfiava" da adulteração.

Seis presos na operação Leite Compen$ado depuseram na manhã de sexta-feira na promotoria de Tapera (RS).

Os outros suspeitos, no entanto, não responderam às perguntas do promotor e disseram que só falarão em juízo. Eles estão detidos no presídio estadual de Espumoso.

Na segunda-feira (13) mais um preso, que está no presídio estadual de Guaporé, será ouvido.

Rockenbach disse que pretende oferecer denúncia contra os sete suspeitos no início da próxima semana. Eles serão indiciados sob suspeita de alteração de produto alimentar.

Em Ibirubá, segundo ele, há evidências da existência de uma rede composta por empresários e seus parentes, além de um representante de uma cooperativa paranaense, que participavam da fraude. Por isso, eles serão indiciados também sob suspeita de formação de quadrilha.

O Ministério Público não informou os nomes dos advogados dos presos.

INDÚSTRIA

A promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor diz que há quatro inquéritos civis em andamento para apurar as possíveis responsabilidades das empresas processadoras de leite. Elas podem receber um TAC (Termo de Ajuste de Conduta), negociado com o Ministério Público, ou sofrer uma ação civil pública.

Lotes de produtos das empresas Bom Gosto, GoiasMinas, Vonpar e VRS foram retirados de circulação no Rio Grande do Sul. Elas são fabricante das marcadas Italac, Líder, Mumu, Latvida, Hollmann, Goolac e Só Milk.

As quatro empresas informaram por meio de notas que já retiraram de circulação os lotes recomendados pelo Ministério da Agricultura e colocaram-se à disposição dos órgãos que coordenam a operação. Elas negam participação no esquema.


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