Folha de S. Paulo


Pastor suspeito de abuso diz que nunca se envolveu com fiéis

Numa cela da penitenciária de Bangu, zona oeste do Rio, desde terça-feira, o pastor Marcos Pereira da Silva, 56, presidente da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, negou ontem à Folha que tenha obrigado fiéis a manter relações sexuais com ele.

Ele é acusado de estuprar mulheres de sua igreja. Também são investigadas denúncias de envolvimento com tráfico. As perguntas foram entregues ao pastor por seu advogado, Marcelo Patrício, que esteve com ele pela manhã no presídio. Ao sair do encontro, trouxe as respostas.

"Eu jamais me envolvi sexualmente com fiéis. A única relação que mantive com elas foi espiritual. Todo homem, seja pastor ou não, sente desejos carnais, mas tenho a minha esposa para satisfazê-los", escreveu o pastor.

Ao se referir a uma das mulheres que o acusa, Silva disse que "cuidou [dela] até ela casar com um fiel".

Felipe Varanda - 1º.jun.04/Folhapress
O pastor Marcos Pereira da Silva, da igreja Assembleia de Deus; ele foi preso sob suspeita de abusar sexualmente de fiéis
O pastor Marcos Pereira da Silva, da igreja Assembleia de Deus; ele foi preso sob suspeita de abusar sexualmente de fiéis

A respeito de outra de suas acusadoras, o pastor afirmou que a retirou da prostituição e do vício das drogas.

Silva também disse ser inocente das acusações de envolvimento com o tráfico. A polícia investiga denúncias de que a igreja seria usada para comprar imóveis com dinheiro da venda de drogas.

"Jamais comprei imóveis para lavar dinheiro."

A Assembleia de Deus dos Últimos Dias tem seis imóveis no Rio --um deles um apartamento na avenida Atlântica, em Copacabana, avaliado em R$ 8 milhões. Segundo o pastor, a maioria dos imóveis foi doada por fiéis.

"É o caso do apartamento de Copacabana", disse o advogado Marcelo Patrício.

Uma das mulheres afirma que o pastor tinha como braço direito uma irmã do traficante Márcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado como chefe do tráfico no complexo do Alemão.

Ao ser questionado sobre esse ponto, o pastor disse ter visitado o traficante duas vezes, em um presídio federal. "A ligação com ele [Marcinho VP] era para ganhar a família toda para Jesus", afirmou.

No presídio, Silva diz que aproveita o tempo livre para pregar o Evangelho.


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