Folha de S. Paulo


Mesmo com liminar, parte da Feira da Madrugada fica sem funcionar

Mesmo com liminar na Justiça Federal que garantia o funcionamento da Feira da Madrugada, a maioria dos comerciantes não trabalhou entre a madrugada e a tarde desta quinta-feira. Poucos clientes apareceram também por conta do anúncio de fechamento que duraria dois meses, após recomendação do Ministério Público.

As associações de comerciantes iniciaram a instalação de novos hidrantes e extintores e, por isso, os comerciantes optaram por não trabalhar. O Corpo de Bombeiros diz que há alto risco de incêndio no local, o que motivou o fechamento. Donos de boxes defendem que a feira siga funcionando durante a reforma. A previsão é que a feira volte ao normal nos próximos dia.

Liminar da Justiça Federal mantém Feira da Madrugada aberta
Ambulantes protestam contra fechamento da Feira da Madrugada

BOXES CAROS

O possível fechamento causou outro efeito colateral e quem lucrou com isso foram donos de galerias comerciais no entorno da feira, que cobraram valores altos para ceder espaços comerciais.

"A gente quer continuar trabalhando, mas para alugar um box num centro comercial bom por um ano tem que pagar R$ 100 mil de luvas. Impossível", disse o comerciante Marcos Schulz, 44, que atua há três anos ali, vendendo roupas ao lado da mulher, Cristina, 37.

Segundo ele, houve colegas que se arriscaram no investimento.

Os comerciantes do entorno da feira temem queda no movimento por conta do fechamento.

"Estamos preocupados com o impacto disso. As pessoas que frequentam aqui são clientes da feira, que é o grande atrativo da região", disse Orlando Nicori, 56, um dos administradores do HD Shopping, que informa não ter boxes para alugar. Ele diz que ali não há cobrança de luvas.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Consumidores fazem compras na Feira da Madrugada; liminar da Justiça garante abertura do local
Consumidores fazem compras na Feira da Madrugada; liminar da Justiça garante abertura do local

Os donos dos 4.571 boxes que vendem de roupas a bolsas, bijouterias e eletroeletrônicos decidiram sair pacificamente após o compromisso do prefeito Fernando Haddad (PT), que avisou que a feira vai reabrir após as obras necessárias para evitar uma tragédia --ele citou até as 241 mortes na boate Kiss, em Santa Maria (RS), em janeiro deste ano.

Muitos comerciantes estavam com medo de não serem autorizados a voltar. É fato que há cerca de mil boxes em situação irregular ou garantidos por liminares na Justiça, as quais a prefeitura tenta derrubar. Comerciantes chineses, por exemplo, são donos de centenas deles.

Desde 2011, pipocam denúncias de compra e venda ilegal de boxes, que chegam a custar R$ 500 mil no mercado informal, segundo investigações da Promotoria e da Polícia Civil.

Após a reabertura, a prefeitura tentará fazer uma licitação para a criação de um shopping cercado de torres comerciais e um hotel, o que pode causar nova retirada dos comerciantes, que terão que disputar a concorrência para seguir ali.


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