Folha de S. Paulo


Leonel Itaussu Almeida Mello (1945-2013) - Professor de ciência política da USP

O desejo de Leonel Itaussu era ter dado aulas até os 70 anos. Dois anos atrás, porém, teve de se aposentar por causa de problemas na coluna.

Na ditadura, o rapaz que pertenceu ao PCB e militou na ALN (Ação Libertadora Nacional) foi preso e torturado. As agressões deixaram sequelas, como os problemas que o impediriam de continuar lecionando ciência política na USP, onde era professor titular.

Filho de Fuad de Mello, comunista histórico do PCB que também foi preso várias vezes, e de uma diretora de escola, Leonel nasceu em Icém (SP), mas cresceu em Olímpia (SP).

Em São Paulo, formou-se em direito e em ciências sociais na USP, nos anos 70. Antes de começar na universidade nos anos 80, ensinou história em cursinhos e colégios.
Fez mestrado em sociologia, doutorado em ciência política e pós-doutorado, nos EUA.

Publicou, entre outros, "Argentina e Brasil: A Balança de Poder No Cone Sul" e "Quem tem Medo de Geopolítica?".

Não se filiou a partidos após a ditadura, mas apoiou candidatos do PT, como o amigo José Genoino, que, na segunda, discursou na Câmara descrevendo-o como um intelectual orgânico que nunca deixou de lutar. Tampouco pediu indenização pelas prisões, como lembra a companheira, Dea.

Ela o descreve como sério, doce e generoso. Quando funcionários da USP foram demitidos por fazer greve, doou a eles parte do salário, fato só revelado agora por amigos.

Teve dois filhos do primeiro casamento, mas se considerava pai das três filhas de Dea.

Internado com problemas respiratórios, morreu no domingo (5), aos 67, de choque séptico. Deixa quatro netos.

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