Folha de S. Paulo


Empresa diz que adulteração em leite foi pontual; lotes já foram recolhidos

As empresas que tiveram lotes de leite adulterados no Rio Grande do Sul disseram na tarde desta quarta-feira que os produtos com problema já foram totalmente retirados do mercado. Ao todo, quatro empresas tiveram mercadorias recolhidas devido à adulteração.

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Em nota, a empresa Italac afirmou que o problema foi pontual, atingiu apenas o Estado do Rio Grande do Sul e que a retirada das mercadorias adulteradas foi imediata. Com isso, a empresa aponta que todos os produtos em circulação estão aptos ao consumo.

Já a empresa Líder afirmou que descredenciou cinco transportadoras terceirizadas de leite cru. "A empresa também decidiu fechar um dos postos de resfriamento no Rio Grande do Sul por causa da ação de fraudadores na região", ressaltou.

A Mu Mu ressaltou que "a investigação do Ministério Público está concentrada no transporte entre o produtor leiteiro e os postos de resfriamento, onde o produto fica armazenado antes da entrada em nossa fábrica" e acrescentou que "a empresa atende a todos os requisitos e protocolos de testes de matéria prima".

A empresa Latvida afirma que "nenhum lote de seus leites apresentou a presença de ureia ou formol. Segundo a empresa, o lote 196, fabricado em 16 de fevereiro, foi analisado e apresentou características fora do padrão. Por este motivo, a maior parte do lote sequer deixou a fábrica."

O Departamento de Defesa Agropecuária, porém, afirma que foi sim identificada a fraude por formol no leite da Latvida e, por isso, a empresa foi interditada na manhã de hoje por descumprimento de decisão judicial, que impedia a comercialização de leites UHT desde 1º de abril, devido ao problema.

Segundo o Ministério Público, laudos apontaram que as quatro empresas tiveram lotes adulterados. O órgão aponta que cinco empresas que realizavam transporte de leite no Estado são suspeitas de adicionar uma substância semelhante à ureia --e que possui formol-- antes de realizar a entrega à indústria.

Apesar da adulteração ter ocorrido durante o transporte, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) destaca que "os programas de controle de qualidade [da empresa de laticínio] devem ser capazes de detectar a prática de fraudes, adulterações ou falsificações na matéria prima que recebem".

A identificação da adulteração resultou na operação "Leite Compen$ado", realizada hoje, para cumprir nove mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina.

A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que mesmo depois dos processos de pasteurização, persiste no produto final.

Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro, destacou o Ministério Público.

As empresas de transporte investigadas transportaram aproximadamente 100 milhões de litros de leite entre abril de 2012 e maio de 2013. Desse montante, estima-se que um milhão de quilos de ureia contendo formol tenham sido adicionados.

Os lotes com problema são:

Italac Integral
Lotes: L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1

Italac Semidesnatado
Lote: L12KM1

Líder UHT Integral
Lote: TAP1MB

Mumu UHT Integral
Lote: 3ARC

Latvida UHT Desnatado
Com fabricação de 16 de fevereiro de 2013 e com validade até 16 de junho de 2013


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