Folha de S. Paulo


Falha em subestação de energia da CPTM faz dobrar tempo de viagem

A manhã desta quarta-feira começou mais estressante para quem usa a linha 11-coral da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Uma falha em uma subestação de energia fez a duração de algumas viagens dobrar. O problema afetou a circulação de trens, principalmente entre as estações Estudantes e Guaianazes, na linha 11-coral.

De acordo com a companhia, o atraso ocorreu devido a um problema na subestação em Calmon Viana, também na linha 11. A falha foi identificada por volta das 6h e solucionada às 6h50, quando a circulação de trens começou a ser normalizada. Sem saber do problema, a reportagem da Folha chegou à estação no início da manhã. Leia o depoimento do repórter.

*

Cheguei à estação Guaianazes, no extremo leste de São Paulo, às 6h30. Olhei a enorme fila para entrar na estação. Resolvi esperar um pouco antes de enfrentá-la. Demorei 18 minutos andando com passos curtos, espremido em meio a uma multidão, até girar a catraca e, finalmente, entrar na estação.

Mas se estava ruim para mim, pior é para o contador Jeferson Freire da Silva, 25, que mora na região e usa o trem diariamente naquele horário para chegar ao trabalho, na Vila Mariana, zona sul da cidade.

Ele disse que a situação estava ruim hoje, mas já viu atrasos piores e que já demorou 2h30 para chegar ao trabalho. Ao ser questionado sobre os dias em que a estação é mais vazia, respondeu rapidamente. "Mais vazio aqui de manhã? Esse negócio de mais vazio não existe aqui, não. Todos os dias [o trem fica] lotado."

Resolvi não me espremer no mesmo trem que ele para tentar a sorte no próximo. Esforço em vão. O problema já havia sido resolvido, mas a circulação de trens com velocidade reduzida e maior tempo de parada entre as estações ainda persistia.

Embarquei, com muito sufoco, em um trem que partiu às 7h33 e chegou ao destino, na estação Luz, às 8h44. Sim, passei 71 minutos sufocado, com as mãos para o alto, e vendo pessoas usando diversas técnicas para conseguir entrar no mesmo vagão que eu estava, graças às portas, que ficaram abertas durante os nove minutos em que o trem ficou parado.

O que me salvou foi o frio e o horário, que reduz o calor e evita que cheiros desagradáveis de uma longa jornada de trabalho e a falta de higiene de alguns deixe e viagem ainda mais emocionante.

Quando o trem se aproximava da estação Tatuapé, duas antes de chegar ao terminal, os passageiros já previam o grande atraso e o que mais se ouvia eram as desculpas antecipadas ao celular. "O trem atrasou de novo, você avisa que vou atrasar um pouco, por favor?"

Segundo a CPTM, a duração média das viagens no trecho é de 32 minutos. A composição em que eu estava chegou a ficar parada por cinco minutos na estação Dom Bosco, enquanto o sistema de som anunciava incessantemente que a composição circulava com velocidade reduzida aguardando "circulação do trem a frente", que havia partido nove minutos antes do que eu embarquei.

Esta é a segunda vez na semana que ocorre falhas na circulação de trens da CPTM. Na segunda-feira (6), uma outra falha técnica no sistema de energia prejudicou a circulação de trens entre as estações Ceasa e Presidente Altino da linha 9-esmeralda (Osasco - Grajaú).


Endereço da página:

Links no texto: