Folha de S. Paulo


No Rio, Complexo do Alemão recebe unidade móvel de combate à hanseníase

Os moradores do Complexo do Alemão, na zona norte da capital fluminense, terão uma campanha na comunidade promovida por voluntários do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) para tirar dúvidas sobre a hanseníase.

O atendimento será realizado de hoje até quinta-feira (9), das 9h às 15h, no estacionamento atrás do Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes. Participam da campanha médicos voluntários que estão respondendo às perguntas dos moradores e fazendo exames para diagnosticar a doença, e atores, que promovem palestras e peças teatrais em escolas da comunidade, com o objetivo de combater o preconceito.

A coordenadora do projeto, Brenda Menezes, disse que o principal objetivo da ação é combater o preconceito que sofrem os portadores da doença. "Nós do Mohran queremos acabar com o preconceito, pois a doença é negligenciada por causa disso".

Segundo ela, é muito importante que o paciente procure um posto de saúde assim que surjam os primeiros sintomas. "O Mohran traz a unidade de saúde para diagnosticar os casos e encaminhar para as unidades básicas de saúde da comunidade".

A médica voluntária, Mariana Cardoso, explicou que o principal problema para o tratamento da doença é a demora do diagnóstico. "A hanseníase é uma doença de transmissão rara, é preciso um contato prolongado --de quatro a cinco anos-- para o contágio".

Mariana esclareceu que, se diagnosticada precocemente, a doença é totalmente curável. "O grande problema do diagnóstico tardio são as sequelas graves, que causam limitações físicas e mutilações".

Segundo o Mohran, o Brasil é o primeiro lugar no ranking mundial da prevalência da doença. Em 2011, cerca de 30 mil casos foram identificados em todo o território nacional, principalmente em menores de 15 anos.

A hanseníase tem cura e o tratamento é gratuito. Os medicamentos estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) e a duração do tratamento é de seis meses a um ano.

HANSENÍASE

A hanseníase é causada pela Mycobacterium leprae, bactéria "aparentada" da causadora da tuberculose, mas que se reproduz de forma muito mais lenta. Os sintomas podem levar mais de cinco anos para aparecer.

A bactéria só é transmitida após um contato próximo e prolongado. O micro-organismo se espalha para as partes mais frias do corpo: mãos, pés, bochechas e orelha.

Os primeiros sinais visíveis são, em geral, partes sem cor nem sensibilidade na pele. Muitas vezes, as lesões são confundidas com as causadas por fungos ou com doenças como psoríase e lúpus.

O paciente pode sofrer queimaduras e cortes frequentes, pela falta de sensibilidade. Os pés desenvolvem feridas. Segundo Simmons, é aí que o doente acaba percebendo que o problema é grave e procura atendimento. "Aí ele recebe a notícia ruim: 'Sim, você tem hanseníase e gostaríamos que você tivesse vindo aqui seis meses atrás'."

Depois de seis meses, o dano nervoso pode ser permanente. Mesmo que o paciente seja curado --o que envolve um tratamento com três tipos de antibiótico por até 12 meses-- ainda há o risco de desenvolver feridas.

À medida que a bactéria atinge os nervos, os músculos atrofiam e os dedos podem ficar curvados.

Editoria de Arte/Folhapress

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