Folha de S. Paulo


Escola atingida por inseticida fechará ao menos até o fim da semana

A Escola Municipal Rural de Ensino Fundamental São José do Pontal, em Rio Verde (GO), atingida por uma nuvem de inseticida despejada por um avião na última sexta-feira (3), ficará fechada pelo menos até o final desta semana.

A Polícia Civil solicitou a interdição da unidade onde estudam 222 alunos do ensino infantil ao ensino médio para facilitar as investigações. O período sem aulas, no entanto, pode ser maior.

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Segundo o diretor da escola, Hugo dos Santos, a Agrodefesa (Agencia Goiana de Defesa Agropecuária) solicitou que a unidade de ensino, localizada num assentamento rural, fique interditada por 15 dias.

A escola é cercada por uma lavoura de milho e precisará ser totalmente lavada para que os estudantes não sejam novamente contaminados.

Dos 45 intoxicados na última sexta-feira --38 estudantes e sete professores--, uma jovem de 16 anos permanece internada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Rio Verde e outros quatro alunos estão em observação em um hotel de Motividiu, cidade vizinha.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação, eles receberam alta, mas foram aconselhados a permanecer na cidade para que sejam acompanhados pelos médicos.

Nesta segunda-feira (6), o diretor informou que dois meninos, de 8 e 10 anos, passaram mal novamente e foram levados a uma unidade de saúde na sede do município.

De acordo com Hugo dos Santos, o avião sobrevoou a escola quatro vezes, por volta das 9h, quando os estudantes lanchavam no pátio.

"Estava no portão da escola e fiquei molhado de veneno. Num primeiro momento, as crianças ficaram eufóricas. Em cinco minutos, elas começaram a sentir coceira, a tirar a camisa. Eu comecei a passar mal, ficar com falta de ar. Pensei que ia morrer. Minha garganta fechou", afirma o diretor.

Santos disse só ter visto o veneno ser carregado pelo vento, mas afirmou que professores contaram que o avião dispersou inseticida sobre a escola ao menos uma vez.

O piloto, o responsável técnico e o dono da empresa dona do avião chegaram a ser presos, mas pagaram fiança e foram soltos no domingo (5).

Segundo o delegado regional de Rio Verde, Danilo Fabiano Carvalho Oliveira, o agrotóxico usado, Engeo Pleno, é de uso exclusivo para lavoura de soja e deve ser aplicado por via terrestre --ele não soube explicar os motivos. A plantação no local era de milho.

A defesa da empresa disse que o caso foi uma "fatalidade" e que o produto podia ser aplicado por via área.


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