Folha de S. Paulo


Pais biológicos são suspeitos de sequestrar menina adotada em MT

Os pais biológicos de uma menina de oito anos, sequestrada na casa da família adotiva no último dia 26, em Cuiabá (MT), estão sendo procurados como principais suspeitos do crime.

Os dominicanos Pablo Escarfulleri, 46, e Elida Feliz, 35, perderam a guarda da menina Ida Verônica Feliz após serem condenados por tráfico internacional de drogas, em 2007. A garota, contudo, já vivia com os pais adotivos desde o ano anterior.

O casal de dominicanos também é apontado como responsável pelo sequestro e desaparecimento de seu outro filho, Pietro, também entregue à guarda de uma família adotiva. O caso ocorreu em 2010, em Tubarão (SC), e o menino, com quatro anos à época, jamais foi localizado.

Embora já tenha pedido ajuda até da Interpol (polícia internacional) para localizar o casal e a criança, a Polícia Civil de Mato Grosso avalia como remotas as chances de que a menina ainda esteja no país.

"Mato Grosso faz fronteira com a Bolívia e, caso se confirme a atuação dos pais biológicos, seria um caminho óbvio a seguir com a criança", disse o delegado Flávio Stringueta, responsável pela investigação. A Polícia Civil de MT também pediu ajuda às polícias Federal e Rodoviária Federal para fiscalização de aeroportos e rodovias.

Os pais biológicos foram presos e condenados sob acusação de envolvimento com o tráfico de drogas em 2007. Elida Feliz cumpriu pena até receber liberdade condicional, em 2010.

A Polícia Civil de MT diz que Escarfulleri também foi condenado pelo mesmo crime e expulso do país em 2009. O casal, portanto, estaria ilegalmente no país ou teria planejado a ação desde o exterior.

Reprodução
Ida Verônica Feliz, 8, sequestrada no último dia 26 em Cuiabá; pais biológicos são suspeitos de levá-la da casa dos pais adotivos
Ida Verônica Feliz, 8, sequestrada no último dia 26 em Cuiabá; pais biológicos são suspeitos de levá-la da casa dos pais adotivos

TERROR

Um mês antes do sequestro da garota, o pai biológico havia entrado em contato com a família adotiva, dizendo que a queria de volta. "Dissemos que deveria procurar a Justiça", disse Danielle Siqueira, irmã de criação de Ida.

O sequestro ocorreu por volta das 12h da sexta-feira passada. Um homem bateu à porta da casa da família e pediu água. "Trouxe a água, ele bebeu e de repente apontou a arma e disse que era para eu entrar. Lá dentro, ao ver a Ida, disse que era quem ele queria. Um carro branco veio dar apoio", afirmou.

A família adotiva diz temer pela vida da garota, que se afastou dos pais biológicos aos três meses de idade. "Aqui ninguém dorme. Minha mãe está em choque. Não sabemos como ou com quem ela está. É um terror", disse Siqueira.

A polícia chegou a divulgar um retrato falado do suposto responsável por uma mensagem enviada após o sequestro ao celular de Siqueira, fazendo menção a um possível pedido de resgate.

A mensagem dizia que, se a polícia fosse acionada, a menina seria morta. "Não acreditamos em um sequestro tradicional. Essa mensagem, para nós, foi uma maneira de confundir e despistar", disse o delegado.


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