Folha de S. Paulo


Policiais envolvidos em crimes e roubos no Rio serão demitidos, diz Beltrame

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse durante entrevista nesta terça-feira (30) que a única resposta para os policiais acusados dos crimes de formação de quadrilha, concussão (extorsão praticada por funcionário público) e roubo é a demissão.

"Não vejo outra resposta que não seja a demissão de todos os policiais envolvidos", declarou Beltrame. A investigação durou um ano e três meses através de uma informação da comunidade. O secretário não disse qual foi a média faturada pela quadrilha nesse período.

Dos 78 mandados de prisão expedidos pela Justiça, 61 foram cumpridos até o meio-dia de hoje, sendo 41 destes de policiais militares, sete policiais civis e 13 civis (não policiais).

Inicialmente, o Ministério Público havia divulgado que seriam 59 mandados de prisão contra policias civis e militares. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública retificou no começo da tarde desta terça-feira (30) dizendo que no total são 61 mandados de prisão para policiais e 17 para civis.

"Quando se decide fazer um trabalho de corrupção policial, a gente não pode se surpreender com nada. Infelizmente, ao mostrar um resultado desses --que sem dúvida é muito triste, mas necessário-- que se mostre a capacidade que a polícia civil e militar possuem de cortar na própria carne.".

O comandante da Polícia Militar, coronel Erir Costa Filho, afirmou que lamenta o episódio, mas afirma que dará resposta à sociedade. Ele disse ainda que desde que entrou para o comando da corporação, em setembro de 2011, ao menos 317 policiais foram expulsos da Polícia Militar.

Sobre o convite --feito por Eduardo Campos--- para entrar no PSB e disputar as eleições como candidato a governador do Rio, Beltrame evitou o assunto. "Ele [Eduardo Campos] chamou, mas estou focado no trabalho que estou fazendo. Estou pensando única e exclusivamente em segurança pública".

INVESTIGAÇÃO

Investigações da inteligência da Secretaria de Segurança Pública apontam que os réus exigiam dinheiro de camelôs e mototaxistas, por meio de ameaças com armas. "Os comerciantes que trabalhavam com mercadorias pirateadas --DVDs, aparelhos eletrônicos, telefones celulares, roupas e relógios usados-- eram coagidos a pagar R$ 70, divididos em duas parcelas de R$ 35 cobradas toda quarta e quinta-feira", afirma o Ministério Público.

A investigação afirma que os vendedores de mercadorias lícitas também eram extorquidos às sextas-feiras e sábados. "Os policiais cobravam R$ 5 deles. Além disso, mercadorias apreendidas de forma irregular eram revendidas a outros feirantes", diz.

De acordo com a Secretaria de Segurança, a quadrilha agia de forma organizada com funções determinadas e escala hierárquica. Eles dividiam os lucros com policiais militares dos 9º e 14º Batalhões (Rocha Miranda e Bangu, respectivamente), policiais civis da 34ª DP (Bangu) e da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), além de comerciantes e mototaxistas coniventes com o esquema.

A operação está sendo realizada em parceria com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Estado e com a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança do Rio.


Endereço da página: