Folha de S. Paulo


'Quebramos vidros porque tinha gente passando mal', diz usuário do Metrô de SP

Passageiros do Metrô de São Paulo que ficaram presos em um trem após uma falha no sistema da linha 3-vermelha, na manhã desta terça-feira (30), relataram à Folha problemas enfrentados durante o incidente.

Para Metrô, caos foi agravado por usuários
Falha na linha 3 prejudica usuários; envie foto

O passageiro Denis de Paula, 24, estava na composição que parou entre as estações Carrão e Tatuapé. O trem seguia no sentido Palmeiras - Barra Funda quando a falha ocorreu, por volta das 7h30. Segundo o Metrô, o problema foi corrigido às 8h30.

"Eu estava no terceiro ou quarto vagão quando aconteceu o problema. O metrô parou como faz com frequência entre estações. Nos primeiros 15 minutos de espera, o ar-condicionado permaneceu ligado, mas depois todo o metrô foi desenergizado, e também ficamos sem ar. Antes disso, a gente ouvia ruídos, mas não conseguia entender quase nada que o operador dizia pelo alto-falante", disse o usuário.

Denis de Paula disse ter apertado os botões de emergência para abrir as portas, mas não adiantou. "Então quebramos os vidros das janelas com chutes para sairmos porque tinha gente passando mal. Eu vi pelo menos quatro sem ar, que foram auxiliados por seguranças", relatou.

O usuário disse que havia cerca de 300 pessoas no vagão em que ele estava. Segundo ele, depois que o ar foi desligado, eles ficaram mais cerca de dez minutos "respirando o mesmo ar."

O passageiro disse ter demorado três horas para fazer o trajeto da estação Corinthians-Itaquera (zona leste) ao trabalho dele, em Santo Amaro, na zona sul. Em dias normais, ele disse que gasta, no máximo, 1h20 para fazer o mesmo percurso.

Denis de Paula disse ter ficado irritado após o Metrô dizer que o problema foi agravado por causa dos passageiros. "A gente fica passando aquela dificuldade por uma falha deles [Metrô] e querem nos culpar?", disse.

A compradora Camila Cunha, 27, estava no primeiro vagão do trem onde ocorreu o problema e viu pessoas passarem mal devido à falta de ar. "Perto de mim um rapaz que dizia ter claustrofobia começou a passar mal. Uma moça próxima à porta estava sem ar e um pouco mais distante uma criança também", disse.

Segundo a passageira, um grupo de quatro homens quebraram todos os botões de emergência do vagão e tentaram quebrar as portas, mas conseguiram. Ela disse que instantes depois, as portas se abriram e os passageiros conseguiram chegar à estação Tatuapé após andar pela lateral dos trilhos.

Para conseguir chegar ao trabalho em Pinheiros (zona oeste), Cunha se espremeu em um aglomerado de passageiros que se acumulou em um dos pontos de ônibus da Radial Leste. Ela chegou ao destino com duas horas de atraso.

Um problema de tração em um trem da linha 3-vermelha foi o responsável pela lentidão durante a manhã. Segundo o Metrô, a composição precisou ser rebocada, o que fez os trens circularem por uma única via entre as estações Brás e Dom Pedro 2º.

OUTRO LADO

Em nota, o Metrô informou que o sistema de áudio do trem foi testado e funcionou corretamente. A empresa disse que os usuários foram orientados pelo sistema de som e agentes.

De acordo com a nota, "todas as composições que operam na rede de Metrô de São Paulo são dotadas de baterias que garantem o funcionamento dos dispositivos de emergência mesmo com a desenergização da via."

O Metrô afirmou que, em ocorrências, os passageiros devem aguardar as orientações dos funcionários para evitar acidentes.


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