Folha de S. Paulo


'SP precisa reforçar lobby por Expo 2020', diz CEO da exposição em Milão

Depois de Xangai, na China, em 2010, a próxima Exposição Universal acontecerá em Milão, daqui a dois anos.

Em competição acirrada, São Paulo, Dubai (Emirados Árabes) e Izmir (Turquia) --consideradas favoritas--, além de Ekaterinburgo (Rússia) e Ayutthaya (Tailândia), estão pleiteando a edição de 2020. A definição deve ocorrer em novembro.

A dica para a candidatura paulistana, de acordo com Giuseppe Sala, CEO da Expo Milão, é fortalecer o lobby.

"Além da elaboração de um dossiê completo sobre nossa candidatura, um de nossos maiores diferenciais foi o approach com os tomadores de decisão. Organizamos vários encontros e, dois meses antes do voto, criamos uma força-tarefa baseada em Paris para manter contato diário com os delegados da BIE", explica ele.

A BIE (Escritório Internacional de Exposições) é uma espécie de Fifa das exposições universais. Em escala e infraestrutura, as exposições são comparáveis a eventos globais como Copa e Olimpíada.

A edição milanesa tem orçamento de U$ 3,5 bilhões --U$ 1,7 bilhões provenientes dos cofres públicos; U$ 520 milhões de parcerias e patrocínio privados; e U$ 1,3 bilhão dos países participantes.

"Depois que recebemos a nomeação, nosso desafio foi de envolver o maior número de países estrangeiros através de uma intensa atividade diplomática --hoje já temos 125 adesões-- e buscar apoio da iniciativa privada", diz Sala.

Apenas para efeito de comparação, a verba para o projeto de São Paulo é de U$ 3 bilhões --outros U$ 9 bilhões estão previstos no orçamento e dizem respeito a obras de infraestrutura no entorno, como linhas de trem e avenidas.

"Apesar de vivermos um cenário político e econômico desafiador, tanto no contexto nacional como global, a Expo Milão é um evento que vai se financiar e gerar receitas", garante Sala. "Só a indústria do turismo terá ganhos de U$ 6,5 bilhões."

A expectativa, de acordo com ele, é de que o evento, com duração de seis meses, atraia 20 milhões de turistas.

Com longa tradição no assunto --a indústria da comida é a segunda maior do país e emprega meio milhão de trabalhadores--, a Itália escolheu o tema "Alimentando o planeta, energia para a vida" para o evento.

"A ideia é buscar soluções efetivas para problemas como a fome, a má nutrição e o controle de qualidade dos alimentos", explica Sala.

DIVISÃO TEMÁTICA

Um dos diferenciais do evento em Milão, de acordo com ele, é que pela primeira vez a divisão dos pavilhões será temática, e não geográfica.

O evento ocupará uma área de 1,1 km² --equivalente a um parque Ibirapuera e um estádio do Pacaembu, juntos--, com direito a um anfiteatro com 12 mil assentos, um auditório com 6.000 lugares e lago artificial.

As exposições mundiais entraram para a história entre a segunda metade do século 19 e começo do 20.

Em um tempo em que não havia televisão, parques temáticos e internet, constituíam uma oportunidade para que seus visitantes conhecessem culturas de países distantes, invenções ou as últimas novidades da área científica.

A torre Eiffel, por exemplo, é a "filha" mais ilustre das exposições universais. Foi inaugurada em 1889, como arco de entrada da edição parisiense. Grandes invenções foram expostas pela primeira vez justamente em exposições, como telefone (1876, Filadélfia) e televisão (1939, Nova York).

Hoje, as exposições universais ganharam novo status. Agregam turismo a um ambiente de negócios, visibilidade e intercâmbio de ideias.

CHANCES

Sobre as chances reais de São Paulo, Sala afirma:

"Difícil responder. São Paulo, Dubai e Izmir representam países-chave no contexto global. A Copa e as Olimpíadas serão os eventos-teste para o Brasil mostrar sua capacidade em lidar com a complexidade de eventos de grande escala".

Para ele, eventos deste porte são importantes para acelerar a implementação de projetos estratégicos e de infraestrutura. "Cidades e países que os sediaram passaram por profundas mudanças."

No caso de Milão, além do complexo de exibições, assinado pelo arquiteto Massimiliano Fuksas, estão sendo construídas novas linhas de metrô e estradas.

A zona noroeste da cidade, que receberá o evento, abrigou indústrias de manufatura e galpões no passado e hoje passa por um processo de remodelação urbana. Até a estreia do evento será inaugurado um itinerário de 100 km com ciclovia e via para pedestres em um canal fluvial.


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