Folha de S. Paulo


1/4 dos radares da cidade de São Paulo ainda tem câmeras com filme

Em um tempo em que até as câmeras digitais perdem espaço para supercelulares, de tão disseminada que está a fotografia digital, a cidade de São Paulo ainda usa rolos de filmes para identificar motoristas infratores.

Um quarto do total de radares da cidade usa máquinas fotográficas analógicas. Fabricados há duas décadas, eles fiscalizam o avanço de sinal vermelho e a invasão a faixas de ônibus.

Esses aparelhos funcionam com um sensor que dispara a câmera quando o veículo entra na área proibida.

Mas eles tem limite de 36 fotos. Ou seja, quando essa quantidade é atingida, ficam inoperantes até que o rolo de filme seja trocado.

São os únicos radares da cidade que pertencem à CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) --os outros são alugados de empresas.

Eles deveriam ter sido aposentados em 2011, mas a gestão Gilberto Kassab (PSD) acabou renovando os contratos com as duas empresas responsáveis pela troca e revelação dos filmes.

Neste ano, a administração de Fernando Haddad (PT) também renovou até outubro os contratos, por R$ 100 mil no total. Incluiu, porém, a possibilidade de rescisão.

Marcelo Justo/Folhapress
Radar que ainda usa filme para registrar infrações de trânsito na esquina das avenidas Rio Branco e Duque de Caxias
Radar que ainda usa filme para registrar infrações de trânsito na esquina das avenidas Rio Branco e Duque de Caxias

RONDAS

Para retirar o filme já batido e substituí-lo por outro, uma das empresas precisa passar ao menos duas vezes por dia em cada um dos 156 radares analógicos sob seus cuidados. São oito equipes que checam os aparelhos e trocam os filmes, fornecidos pela CET, quando necessário.

Outra companhia é paga para recolher os filmes na CET, revelar as fotos e entregá-las para o processamento das multas. Tudo em até 24 horas.

No ano passado, foram reveladas cerca de 216 mil imagens, mas elas renderam só 23 mil multas --22.251 por avanço de sinal e 1.423 por invasão à faixa, que representam somente 4% do total das duas infrações registradas em 2012.

Isso porque a tecnologia ultrapassada faz com que muitas fotos sejam descartadas por baixa qualidade ou por estarem erradas --os radares flagram qualquer veículo que invada a faixa de ônibus, inclusive táxis, que têm autorização. Além disso, não funcionam à noite.

"Quando eles foram implantados era o que havia disponível. Trouxeram muitos benefícios, reduziram as infrações e os acidentes. Mas a modernização é necessária e já deveria ter ocorrido", diz o consultor Sergio Ejzenberg.

Hoje, a gestão Haddad anuncia em audiência pública nova licitação para contratar empresas especializadas em radares --os contratos dos alugados começam a vencer em agosto--, o que deve aposentar de vez os rolos de filme.

Editoria de arte/Folhapress

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