Folha de S. Paulo


Thor Batista diz ter dado R$ 300 mil para família de ciclista morto

O filho do empresário Eike Batista, Thor Batista, 21, falou em juízo pela primeira vez, nesta quinta-feira, sobre a morte de um ciclista, atropelado por ele em março de 2012. Thor afirmou na audiência que, na ocasião do acidente, foi feito acordo de cerca de R$ 300 mil com a família da vítima.

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O jovem disse que procurou a tia que vivia com o ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30, apontada como Maria Vicentina, para prestar auxílio financeiro. Thor disse também que tem os recibos e documentos que comprovam o acordo.

A vítima foi atropelada na rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Ela não tinha filhos e vivia com Vicentina. A Folha não localizou os familiares da vítima. A promotoria não deu entrevista.

Thor foi ouvido nesta tarde no Fórum de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, por conta do processo de homicídio culposo --quando não há intenção de matar-- pela morte do ciclista.

VELOCIDADE

O filho do empresário voltou a afirmar, o que já havia dito à polícia, que trafegava dentro da velocidade permitida (110 km/h), que estava muito escuro no local e o acidente foi "inevitável".

Um laudo divulgado no último dia 10 indicou que Thor dirigia entre 100km/ e 115 km/h no momento do atropelamento. O laudo anterior, que foi retirado do processo, dizia que ele estava a pelo menos 135 km/h.

Em fevereiro, a Justiça anulou o primeiro laudo sob a justificativa de que o perito responsável havia tido contato direto com a promotoria mais de uma vez. A assessoria de Thor Batista não comenta o caso.

Thor conta ainda que, como o carro que dirigia é baixo --Mercedes-Benz SLR McLaren--, viu apenas o quadro da bicicleta e um homem negro no meio da pista da esquerda. A rodovia Washington Luís possui duas pistas no ponto onde aconteceu o acidente --a da direita para veículos mais lentos e da esquerda para os que atingem velocidade máxima.

Segundo ele, quando notou o ciclista "já estava em cima dele" e "pisou com força do freio". "O impacto foi muito forte", disse em depoimento. Ele afirmou ainda que sentiu um "solavanco no ombro e no braço, e que o carro não chegou a parar totalmente". O vidro do veículo quebrou no meio e estilhaçou.

Thor lembrou que pediu que seus seguranças prestassem socorro à vítima e os mesmos disseram que ele estava ferido e deveria ir ao posto da concessionária que administra a via. Disse também que ele e seu amigo, que estava no banco do carona, "estavam banhados em sangue e preferiu não reparar se havia pedaços de corpo da vítima dentro do carro".

Em março, Thor faltou a uma audiência no fórum alegando problemas de saúde. Outro motivo alegado pela defesa do jovem à juíza Daniela de Souza foi que o novo laudo sobre a velocidade do carro não estava pronto.

O filho de Eike afirmou ainda que nunca teve mais de um veículo em seu nome e que atualmente dirige três veículos diferentes. Segundo ele, nenhum dos carros é de sua propriedade. O único carro que tinha em seu nome, um veículo esportivo, foi vendido "em razão de problemas financeiros que sua empresa vem passando", declarou.

O carro envolvido no acidente era de propriedade de Eike Batista. A sentença deve sair até o final do semestre, mas cabe recurso para ambas as partes.


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