Folha de S. Paulo


Promotor diz que defesa de Bola dá 'tiro no pé'; júri entra no segundo dia

Ao analisar a estratégia de defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, o promotor Henry Castro afirmou que ela dá um "tiro no pé" com a forma "massante" de atuação, ou seja, a protelação do julgamento.

Bola chora ao cumprimentar família; julgamento volta na terça-feira
Defesa diz que Bola estava na faculdade na noite do crime
Bola é 'inimigo' do delegado e por isso virou réu, diz defesa
Defesa questiona o não indiciamento de outro suspeito
Veja a cobertura completa do julgamento

Para o promotor, a defesa se torna "antipática" para os jurados. O julgamento de Bola, acusado de matar e sumir com o corpo de Eliza Samudio, acontece desde ontem (22) no Fórum de Contagem (MG).

Castro considerou "proveitoso" o primeiro dia do julgamento, apesar de apenas um depoimento ter sido tomado, o da delegada Ana Maria Santos, que ficou seis horas e meia em frente à juiza Marixa Rodrigues, sendo quatro horas e 40 minutos respondendo à defesa de Bola.

O ex-policial é suspeito de ser o matador de Eliza, a ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza, já condenado a 22 anos e três meses de prisão de prisão. Seu ex-secretário Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos. Fernanda Castro, sua ex-namorada, seis anos em regime aberto.

Dayanne Rodrigues, a ex-mulher, foi absolvida. Jorge Luiz Rosa, então adolescente, primo de Bruno, cumpriu medida socioeducativa

Hoje, no segundo dia de julgamento, o preso Jaílson Alves da Costa vai ser ouvido como testemunha da Promotoria. Ele diz ter ouvido Bola dizer dentro do presídio que queimou o corpo de Eliza e jogou em um lago. Bola teria dito, segundo ele, que os restos de Eliza só seriam encontrados se "peixe falasse".

MATADOR PROFISSIONAL

O promotor disse que Bola é um "matador experimentado e profissional" e por isso ele não acredita que ele fará nenhuma revelação ou delação.

"Se ele se assumisse como tal [matador], as pessoas que já se valeram dos serviços dele em outras situações entrariam em um tal estado de instabilidade, de insegurança, que de certo ele colocaria em risco a própria sobrevivência", disse.

Sobre o não indiciamento pela polícia do policial aposentado José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, que fez várias ligações para os envolvidos no crime, Castro disse que "a Polícia Civil, em princípio, fez tudo que estava ao seu alcance para o desmascaramento de uma sequência de fatos criminosos de extrema complexidade".

Agora, segundo ele, novos elementos apareceram e Zezé e possivelmente outro policial, Gilson Costa, serão denunciados. Já existe uma investigação complementar em curso. Uma terceira pessoa poderá também ser denunciada.

A defesa de Bola usa o fato de apenas Bola ter sido denunciado como matador para alegar que há "perseguição" contra seu cliente.


Endereço da página:

Links no texto: