Folha de S. Paulo


Reféns são libertados após 18 horas de motim em complexo prisional em GO

Quatro reféns foram libertados na manhã deste domingo (21) após passarem 18h em poder de três presos durante um motim no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na capital de Goiás.

A revolta começou às 13h30 de sábado (20) e terminou hoje por volta das 7h30. Os reféns, três enfermeiros e um agente penitenciário, não foram feridos e passam bem.

De acordo com a assessoria de imprensa da Agsep (Agência Goiana do Sistema de Execução Penal), o motim teve início quando um preso, que fingia passar mal, roubou a arma de um agente penitenciário.

O detento simulou uma convulsão e pediu ajuda ao funcionário. Outros dois presos ofereceram ajuda para carregar o colega. Ao chegar ao posto de saúde, que fica em outro bloco do complexo prisional, o preso supostamente doente roubou o revólver calibre 38 do agente penitenciário e o fez de refém junto com outros três enfermeiros. No local, havia oito presos em atendimento médico.

O presidente da Agsep, Edemundo Dias de Oliveira Filho, disse à Folha que o conflito não foi pior porque outros presos não aderiram ao motim, mas que ficou preocupado no momento que os três detentos perderam o controle ao ingerirem álcool e remédios do posto de saúde.

"Não foi uma rebelião porque os amotinados não contaminaram os outros detentos, mas ficamos preocupados quando, durante a noite, no período de negociações, eles passaram a ingerir álcool, junto com outros medicamentos. Eles estavam fora de si", afirmou.

Durante as negociações, os presos ameaçaram explodir o local usando botijões de gás, disse a Agsep. Eles também exigiam carros e armas para promover uma fuga, segundo a Polícia Militar.

A Agsep abriu um processo administrativo para investigar a conduta do agente penitenciário que levou os presos ao posto de saúde do complexo. "Ele agiu fora dos padrões e isso vai ser apurado com rigor. Ele não poderia ter aceitado a ajudada dos presos para levar o outro que fingia passar mal. Além disso, ele não poderia fazer essa locomoção portando uma arma carregada com seis projéteis e os presos não estavam algemados também. Isso foge totalmente do regulamento", disse o presidente da Agsep.

Os três presos foram interrogados em uma delegacia local e serão transferidos para um núcleo de custódia de segurança máxima dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. "Eles perderam o convívio, vão ser mantidos fora do alcance de outros presos", afirmou Oliveira Filho.

COMPLEXO PRISIONAL

O Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia está com superlotação. De acordo com o presidente da Agsep, Edemundo Dias de Oliveira Filho, há 4 mil presos espalhados em cinco unidades, das quais três apresentam déficit de vagas em torno de 30% a 40%.

No Centro de Prisão Provisória há 1.500 detentos e seria necessária a criação de 400 novas vagas. Já na Penitenciária Odenir Guimarães há 1.600 detentos e para acomodá-los de forma correta a unidade teria que ter 500 vagas a mais. Na unidade de semi-aberto há 560 presos, necessitando de mais 200 vagas.

A Agsep afirma que está trabalhando na criação de 2.080 novas vagas em todo o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.

"No Centro de Prisão Provisória, por exemplo, nós estamos construindo mais um bloco para 300 vagas. Faremos um centro de triagem com 180 vagas para presos provisórios. E outras 1.600 vagas estão sendo providenciadas para as outras unidades. Queremos fazer isso num prazo de 180 dias", afirmou o presidente à Folha.


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