Folha de S. Paulo


Livro aborda "ressurreição" de mortos no incêndio da boate Kiss

Familiares de vítimas do incêndio na boate Kiss pediram a suspensão da venda de um livro que aborda a "ressurreição" de pessoas que estavam no local em 27 de janeiro. O acidente deixou 241 mortos.

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Associação dos familiares das vítimas pede ao autor a retirada de circulação do livro "Kiss: Uma Porta para o Céu", do padre Lauro Trevisan, 78, de Santa Maria (RS).

"No auge da balada celestial, o Pai perguntou se alguém queria voltar. Dois ou três disseram que sim e foram encontrados vivos no caminhão frigorífico que transportava os corpos ao ginásio", diz um trecho do livro.

A associação enviou na semana passada uma notificação extrajudicial ao autor pedindo que o livro não seja mais vendido --hoje, é comercializado em livrarias e na internet por R$ 20.

O presidente da entidade, Adherbal Ferreira, diz que as famílias consideram a obra desrespeitosa. "Primeiro, ele disse que [o trecho] era verdadeiro, que ouviu [um relato]. Depois, que era fictício."

Trevisan afirma que o trecho é uma "alegoria". Segundo ele, a intenção do livro era confortar parentes e amigos de vítimas do incêndio.

O autor afirma já ter vendido 2.000 exemplares. Segundo ele, o trecho colocado em questão será retirado da segunda edição.

INCÊNDIO

Na semana passada, a Justiça do Rio Grande do Sul aceitou integralmente a denúncia do Ministério Público contra oito pessoas investigadas no inquérito sobre o incêndio.

Quatro suspeitos estão presos e agora vão responder processo por homicídio doloso qualificado e tentativas de homicídio. São eles: os sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor do grupo, Luciano Bonilha Leão.

O Ministério Público considerou que eles sabiam dos riscos que estavam impondo aos frequentadores da casa noturna e não fizeram nada para evitar. Morreram devido ao incêndio, ocorrido em 27 de janeiro, 241 pessoas.

Além dos quatro detidos, também se tornaram réus dois bombeiros acusados de adulterar documentos após o incêndio: o major Gerson da Rosa Pereira e o sargento Renan Berleze. Outras duas pessoas são suspeitas de mentir à polícia durante a investigação da tragédia: o ex-sócio Elton Uroda e o contador Volmir Panzer.

O incêndio aconteceu na madrugada de domingo (27) na boate Kiss, localizada no centro de Santa Maria (RS). O local é famoso por receber estudantes universitários. Ao todo, 241 pessoas morreram.

O fogo teria começado na espuma de isolamento acústico da boate, após um integrante da banda Gurizada Fandangueira manipular um sinalizador. Faíscas atingiram o teto e iniciou as chamas. O guitarrista da banda afirmou que o extintor de incêndio não funcionou.


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