Folha de S. Paulo


Adiamento do júri não prejudica, mas é 'frustrante', diz promotor

O promotor Fernando Pereira da Silva, responsável pela acusação no julgamento sobre o Massacre do Carandiru, afirmou que o adiamento do júri é frustrante. "O adiamento não prejudica o trabalho do Ministério Público, mas é uma frustração", afirmou ele na saída do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.

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O julgamento de 26 policiais militares acusados pelas mortes de 111 presos após uma rebelião ocorrida em 1992 na penitenciária foi adiado para a próxima segunda-feira (15) após uma jurada passar mal, momentos depois do início do julgamento. "[O adiamento] foge de qualquer uma das partes", afirmou o promotor.

A advogada dos réus, Ieda Ribeiro de Souza, disse ao sair do fórum que estuda entrar com um pedido para que os nomes de seus clientes sejam omitidos pelo Tribunal de Justiça. O órgão afirma que apenas os endereços e locais de trabalho dos réus estão sendo omitidos.

"É uma questão de segurança, em virtude, inclusive, de ataques que sofremos desde o ano passado", disse, sem detalhar quais seriam os ataques. Ao todo, 84 policiais são acusados pelas mortes no presídio do Carandiru. O júri, porém, foi dissolvido, o que fez com que apenas 26 deles fossem julgados nessa etapa.

JULGAMENTO

O julgamento começou por volta das 11h10 desta segunda-feira, mas, cerca de 15 minutos após o início da leitura das peças do processo, uma jurada precisou ser amparada por um funcionário do Tribunal de Justiça. Depois do recesso para o almoço, o juiz José Augusto Nardy Marzagão anunciou que o júri seria remarcado para o próximo dia 15, às 9h.

Dois dos 26 réus que deveriam ir ao julgamento não compareceram. Argemiro Cândido e Reinaldo Henrique de Oliveira alegaram problemas de saúde. "O réu comparece ao julgamento se quiser. Pela lei sua presença no plenário do júri é facultativa. Sua ausência não gera o adiamento do julgamento", disse o jurista Luiz Flávio Gomes.

Apenas 10% das pessoas acreditam que os policiais serão condenados e presos, segundo pesquisa do Datafolha.


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