Folha de S. Paulo


Em clima tenso, negociação para desocupação da aldeia Maracanã avança

Em clima de tensão, as negociações entre índios e o governo do Rio de Janeiro para a desocupação da aldeia Maracanã, área anexa do estádio, avançam na manhã desta sexta-feira. Há, no entanto, indígenas que se recusam a deixar a área.

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A Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro e políticos estão no local intermediando as conversas. Segundo o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o acordo está próximo. "Eles devem ser transferidos para um terreno em Jacarepaguá [zona oeste] ainda hoje", afirmou.

O deputado federal Geraldo Pudim (PR-RJ) também está no local. "Eles devem sair para um hotel para se alimentar e o processo de aldeamento [em Jacarepaguá] começa ainda hoje", afirmou.

Por volta das 9h20, o Batalhão de Choque da Polícia Militar ameaçou invadir o local.

Os policiais que estavam dentro dos veículos desceram, paramentados com escudos e cassetetes, e ameaçaram entrar no local. Eles estão em formação, diante do muro da aldeia, e podem entrar a qualquer momento.

Houve novos disparos de spray de pimenta, atingindo inclusive repórteres que trabalhavam no local. Quatro manifestantes já foram detidas por resistirem à ocupação. Apenas a identificação de um dos detidos foi divulgada até o momento: Mônica Bello, 25, atriz envolvida na causa indígena.

Por volta das 6h, o policiamento ganhou reforço com três vans, dois Caveirões --veículos blindados utilizados em situações de confronto e artilharia pesada-- e um microônibus transportando mais policiais. São cerca de 80 policiais no local. Às 10h, um helicóptero da PM começou a dar rasantes sobre o prédio do antigo Museu do Índio.

Parte de área da aldeia será usada para circulação de torcedores na Copa do Mundo de 2014. O prédio, que abrigou o Museu do Índio até 1978, será reformado e receberá o Museu Olímpico, administrado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

ULTIMATO

Em tom de ultimato, o governo do Rio de Janeiro pediu ontem a desocupação imediata do prédio do antigo museu e ofereceu três opções de alojamento para os índios.

O Museu do Índio dará lugar ao Museu Olímpico. As opções de alojamento oferecidas ontem eram o terreno em Jacarepaguá (zona oeste), uma área do lado do barracão de obras da Odebrecht, na avenida Visconde de Niterói (zona norte) ou um espaço à parte no abrigo Cristo Redentor (zona norte).

Os índios também podem voltar para a sua aldeia de origem ou optar pelo benefício do aluguel social, de R$ 400.

Anteontem, venceu o prazo para a reintegração. O despejo dos indígenas está autorizado desde ontem. O Museu do Índio dará lugar ao Museu Olímpico.

Editoria de Arte/Folhapress

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