Folha de S. Paulo


Análise: Silêncio do goleiro deixou lacuna na cabeça dos jurados

Uma das chaves importantes para decifrar o julgamento do goleiro Bruno reside na quantidade inusitada de perguntas que os jurados lhe fizeram. Isso tem grande significado no plenário do júri.

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Ficou evidente que eles queriam mais informações do réu. Seu silêncio, diante das perguntas do promotor, em lugar de significar o fim do seu suplício, deixou uma lacuna enorme na cabeça dos jurados, que queriam mais informações para poderem votar com convicção.

Embora jovens, acompanharam todo o julgamento com uma atenção esperada.

Nos debates orais, o promotor surpreendeu ao pedir a absolvição de Dayanne Souza, acusada de sequestro do filho do jogador, mas agiu com coerência porque ela delatou o ex-policial José Lauriano, o Zezé, que está sendo agora investigado para se saber o grau da sua participação no crime.

Em relação a Bruno, a linha do tempo exposta pelo promotor foi precisa e didática. Demonstrou, minuto a minuto, todas as ligações feitas por ele, antes, durante e depois do crime, para todas as pessoas envolvidas na tragédia, o que evidenciaria sua posição de comando, de domínio, de controle. Daí o pedido de pena máxima.

Bruno não confessou nem delatou ninguém.

Mesmo assim, o defensor pediu a redução da sua pena, seja pelo afastamento das qualificadoras do homicídio (motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e esganadura), seja pelo reconhecimento da participação de menor importância.

LUIZ FLÁVIO GOMES, 55, é advogado criminalista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil


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