Folha de S. Paulo


Leia trecho de depoimento em que Bruno confirma morte de Eliza

O goleiro Bruno Fernandes de Souza admitiu pela primeira vez nesta quarta-feira (6) que sua ex-amante, Eliza Samudio, foi morta em junho de 2010. O jogador negou envolvimento no crime e acusou o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, além de seu ex-assessor Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que teria ajudado.

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Bruno é acusado de envolvimento no desaparecimento e morte de sua ex-amante Eliza Samudio, em junho de 2010. A ex-mulher do jogador, Dayanne Souza, também é ré no processo e foi ouvida ontem. Ela é acusada de participar do sequestro e cárcere privado do filho de Eliza com o atleta.

Segundo Bruno, ele só soube do assassinato quando Macarrão e Jorge Luiz Rosa, primo do jogador e menor de idade na época do crime, retornaram ao sítio do jogador sem Eliza e com o filho dela no colo. Bruno disse que ouviu de Jorge a versão contada pelo então menor à polícia.

"Macarrão ajudou a matar Eliza", teria dito Jorge. Ele teria contado ainda que Eliza foi levada para Vespasiano (MG) e foi entregue a uma pessoa chamada Neném. Ele teria sufocado a ex-amante de Bruno e Macarrão teria chutado a mulher já caída. "A pessoa tinha esquartejado e teria jogado o corpo aos cachorros", disse.

*

Leia o trecho do depoimento do jogador:

Bruno - Desceram do carro [quando chegaram ao sítio, no dia 10]. O Jorge estava muito assustado. E o Macarrão um pouco mais tranquilo que o Jorge, mas também assustado.

Eu estranhei a criança que estava na mão deles, chorando. Perguntei para eles: "Poxa, cadê Eliza? Pela amor de Deus, o que fizeram com ela?"

Aí nesse momento, Macarrão falou assim, olha: "Eu resolvi o problema. O problema que tanto lhe atormentava".

Naquele momento, peguei o Bruninho no colo, e entreguei para a Dayanne porque eu precisava conversar com os meninos, para saber o que estava acontecendo.

Quando eu cheguei perto do Jorge, ele disse para perguntar ao Macarrão. "Macarrão ajudou a matar Eliza."

Juíza - Ajudado quem?
Naquele momento em que ele falou para mim, excelência, eu fiquei desesperado, chorei muito, com medo de tudo que aconteceu. E fui até o Macarrão. "Por que você fez isso, não tinha necessidade não".

Ele falou para mim que tinha resolvido o problema, aquela menina estava demais. Que ela estava incomodando demais, estava atrapalhando os projetos, os planos. Naquele momento senti medo. Senti medo...

Juíza - Ele falou como ela tinha sido executada?
Ele não falou não, excelência. Ele não falou. Fui até o Jorge e perguntei o que tinha acontecido.

O Jorge falou que o Macarrão foi até o Mineirão, perto do Mineirão. Lá, foi num orelhão e conversou com uma pessoa. Naquele momento, começou a seguir um cara de moto. Ele foi para uma casa na região de Vespasiano, e lá entregou a Eliza para um rapaz chamado Neném.

Lá, o rapaz perguntou para Eliza se ela era usuária de drogas, cheirou a mão dela e pediu para que Macarrão amarrasse a mão dela para frente. Deu uma gravata nela, enforcando-a. Aí, o Macarrão pegou Eliza, chutou as pernas dela. Foi o Jorge que me falou isso daí.

Ele disse ainda que ele tinha esquartejado o corpo dela e tinha jogado para os cachorros comerem. E disse que o rapaz foi até um porão, pegou um saco preto, e perguntou: "Vocês querem ver o resto?". Eles pegaram e saíram [de lá] desesperados.

Juíza - Resto do que?
Não sei, excelência. Ele só falou isso. Jorge falou que não queria ver nada. Que foram embora correndo, com Bruninho.

Juíza - O Jorge falou isso na presença do Luiz Henrique (Macarrão), quando vocês estavam lá fora?
Quando eu estive com eles lá fora, eu perguntei para o Macarrão, mas ele não quis me dizer nada. Disse que o serviço já estava feito, que tinha acabado com meu tormento. Foi o Jorge que contou isso tudo.

Eu disse para o Macarrão: "Por que você fez isso? Acabou com minha vida". Mas o Macarrão disse que ele [Jorge] estava louco. Mesmo assim eu sabia, excelência, que no fundo, no fundo, tinha acontecido alguma coisa.

Macarrão não confirmou o que Jorge disse. Falou apenas que o Jorge estava louco.


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