Folha de S. Paulo


Depoimento de testemunha do caso Eliza é marcado por contradições

O depoimento de Célia Aparecida Rosa Sales, prima do goleiro Bruno Fernandes de Souza, no julgamento do jogador e de sua ex-mulher, Dayanne Souza, foi marcado pelas dúvidas e contradições na manhã desta terça-feira.

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Após um pedido do Ministério Público, Célia falou na condição de informante (sem o compromisso de falar a verdade). Inicialmente, ela tinha sido arrolada como testemunha de defesa dos dois réus.

As respostas diferentes apareceram quando ela foi interrogada pelo assistente da acusação José Arteiro.

Quando ainda era questionada pela defesa do goleiro, Célia havia dito que Luiz Henrique Romão, o Macarrão, trabalhava também para a ex-mulher do jogador, Dayanne Souza. Até então, Macarrão era apontado como "faz tudo" apenas de Bruno.

O depoimento pode ser usado pela Promotoria contra Dayanne. De acordo com a denúncia do Ministério Público, Macarrão levou a vítima e participou no assassinato de Eliza. Em novembro, ele foi condenado a 15 anos de prisão.

Entretanto, quando Arteiro perguntou se Macarrão e Bruno cumpriam ordens um do outro, Célia respondeu que não e que cada um deles fazia o que queria fazer. Ainda segundo ela, Bruno não mandava em Macarrão, apesar de ele, na ocasião, ser o seu secretário. "Ele [Bruno] só pedia para fazer as coisas."

Em outro momento, Célia corrigiu sua resposta, que antes informara que Macarrão teria "mandado" Dayanne entregar a criança a Wemerson (Coxinha). A testemunha voltou atrás e informou no plenário que Macarrão apenas "pediu" a ex-mulher do Bruno que o fizesse.

Célia é prima de Bruno e irmã de Sérgio Rosa Sales, réu do processo que foi assassinado. Ela foi convocada a depor como testemunha de defesa do goleiro e de sua ex-mulher, mas acabou virando informante a pedido do Ministério Pública.

DÚVIDAS

O depoimento de Célia Sales ainda foi marcado pelas dúvidas lançadas sobre Macarrão.

Por outro lado, ela só falou bem de Bruno, com quem fora criado pela avó. Disse, por exemplo, que ele sempre ajudou a família financeiramente.

A defesa de Bruno já deu pistas sobre a possibilidade de Bruno admitir o crime, mas culpar Macarrão, dizendo que ele agiu à sua revelia. Ao ser julgado e condenado há quatro meses, Macarrão admitiu que Eliza estava morta e disse que levou ela para morrer a mando de Bruno.

Arrolada pela defesa do ex-jogador do Flamengo, Célia disse que conservou com Eliza Samudio no sítio do jogador em Esmeraldas (MG), na beira da piscina, negando que ela estivesse em cárcere.

DAYANNE E O BEBÊ

Apesar de afirmar que conversava com Eliza no sítio, Célia disse que só ficou sabendo por Bruno da versão de que Eliza teria deixado o bebê com o goleiro para resolver coisas em São Paulo. De acordo com o goleiro, a mãe de Bruninho (filho de Bruno com Eliza) voltaria para buscá-lo depois.

Após o desaparecimento de Eliza, a informante disse que recebeu uma ligação de Macarrão para que ela pegasse o bebê de Eliza na casa da mãe de Dayanne Souza, a ex-mulher de Bruno, o levasse até uma rodovia na região metropolitana de Belo Horizonte e o entregasse a Wemerson Souza, o Coxinha --ele era diretor do time amador que Bruno criara.

Primeiro ela disse que Dayanne não estava junto com Coxinha, mas depois disse que estava. Questionada pelo promotor Henry Vasconcelos se ela não quis saber de Dayanne o porquê de aquele bebê estar sendo levado em uma rodovia, sem mala de roupas, ela disse que não lhe ocorreu perguntar.

Dayanne responde pelo crime de sequestro e cárcere do bebê Bruninho, atualmente com três anos.

A paternidade de Bruninho foi um ponto de contradição do depoimento de Célia. Ela disse ter conhecido o bebê no sítio, mas em depoimento na polícia, em 2010, disse que só soube pela imprensa. Questionada pela contradição, Célia afirmou que na ocasião estava assustada com o fato do desaparecimento. (MARINA GAMA, PAULO PEIXOTO E ROGÉRIO PAGNAN)

Editoria de Arte/Folhapress
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