Folha de S. Paulo


Defesa de Bruno tenta descreditar delegada no 1º dia de júri

No primeiro dia de julgamento do goleiro Bruno Fernandes de Souza e sua ex-mulher, Dayanne Souza, a defesa do jogador tentou desqualificar o depoimento da única testemunha de acusação ouvida até então, a delegada de polícia Ana Maria Santos.

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O júri foi interrompido por volta das 19h20 desta segunda-feira e será retomado às 9h de terça-feira no Fórum de Contagem (MG). Bruno e Dayanne são acusados de envolvimento no desaparecimento e morte da ex-amante de Bruno, Eliza Samudio, em 2010.

Bruno permaneceu quase todo o tempo de cabeça baixa, com os cotovelos sobre as pernas e olhos fixados para os pés. Quando os cinegrafistas e fotógrafos tiveram acesso ao plenário, o ex-goleiro permaneceu no plenário e deixou-se fotografar. Nesse momento mostrou uma Bíblia e pareceu chorar.

Logo no início do julgamento, o advogado Lúcio Adolfo pediu o cancelamento da certidão de óbito de Eliza, emitido recentemente pela Justiça mineira, por entender que a juíza Marixa Rodrigues não tinha competência para emiti-la. Com isso, a intenção da defesa era também suspender o julgamento do goleiro, mas a juíza indeferiu os pedidos.

A delegada ouvida hoje participou das primeiras investigações sobre o desaparecimento e morte de Eliza e ouviu uma das testemunhas-chave do crime, o primo do goleiro, Jorge Luiz Costa, logo nos primeiros dias de investigação do caso. O rapaz também foi arrolado pela defesa e pela acusação, mas não compareceu.

Durante o depoimento da delegada, Lúcio Adolfo, advogado de Bruno, a questionou sobre supostas falhas na investigação e apontou conflitos em seu depoimento dados momentos antes à Promotoria.

Um desses supostos conflitos no depoimento foi o fato de a delegada Alessandra Wike, que também investigava o caso, estar de férias durante as investigações do caso. Ana Maria havia informado que ninguém havia tirado férias durante o andamento do inquérito.

A defesa também questionou se Ana Maria conhecia o ex-policial José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, antes das investigações. Ela afirmou que o conheceu quando foi estagiária de um comércio.

Lúcio Adolfo, então, levantou suspeita de que houve corporativismo nas investigações policiais pelo fato de Zezé, apesar de ter sido ouvido pela polícia duas vezes, não ter sido indiciado. Ana Maria informou no plenário que não havia elementos suficientes para indiciar Zezé.

Apesar do julgamento, uma nova investigação sigilosa conduzida pela polícia de Minas ainda tenta apurar a participação de Zezé e outro ex-policial, Gilson Costa, no crime a pedido do promotor do caso, Henry Wagner.

Editoria de Arte/Folhapress
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ACUSAÇÃO

A estratégia do promotor Henry Castro, primeiro a fazer perguntas à delegada Ana Maria, foi recuperar todo o depoimento no primo de Bruno, Jorge Luiz Rosa, que trouxe à tona toda a trama do desaparecimento e morte de Eliza. Ele cumpriu medida socioeducativa por envolvimento no crime e foi libertado no ano passado.

Durante as perguntas da promotoria, a delegada disse que o rapaz, menor de idade na época, não aparentava ter usado drogas quando prestou depoimento. A ideia era apagar eventual tentativa da defesa do jogador de descreditar o depoimento de Jorge.

Outro ponto que a promotoria quis enfatizar foi a presença de um advogado no ato do depoimento prestado em uma unidade prisional para adolescentes, em Belo Horizonte, logo que foi transferido do Rio.

Segundo a delegada, uma assistente jurídica do centro de internação provisória acompanhou todo o depoimento do rapaz, que durou o dia todo. A assistente ainda questionou se Jorge queria parar de responder, mas ele disse que prosseguiria.


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