Folha de S. Paulo


Vizinhos dizem que bandido sabia rotina de idoso morto nos Jardins

Os vizinhos do empresário João Alberto de Camargo Cardoso, 70, dizem acreditar que o ladrão que o abordou durante um assalto na quarta-feira (27) já conhecia a rotina dele. O idoso foi baleado três vezes após reagir e morreu na noite do dia do crime.

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Cardoso chegava sempre por volta das 9h à imobiliária e fazia o mesmo trajeto desde a Cidade Jardim, onde morava. "O bandido já sabia antes o relógio que ele tinha", disse uma vendedora de carros de luxo. "Hoje em dia, não dá mais, tem que andar de plasticão mesmo."

De acordo com a polícia, o empresário estava em sua Mercedes Benz CLS 350 blindada, na avenida Europa, quando notou que era seguida. Nervoso, ele fez ultrapassagens bruscas e acionou a buzina de seu veículo até estacionar na imobiliária Esquema, de sua propriedade, e entrou no local.

Segundo o depoimento de uma testemunha à polícia, o bandido parou uma moto preta na porta do local e entrou em seguida. Ele pediu o relógio Patek Philippe, avaliado em cerca de R$ 177 mil, que a vítima usava, mas o empresário se negou a entregar. O assaltante então fez três disparos contra a vítima.

Almeida Rocha/Folhapress
Enterro de João Alberto de Camargo, morto após que ser baleado no rosto em um assalto no Jardim Europa
Enterro de João Alberto de Camargo, morto após que ser baleado no rosto em um assalto no Jardim Europa

O crime era o assunto de ontem nos estabelecimentos vizinhos à imobiliária, mas ninguém disse ter notado a perseguição. Sempre bem vestido, Cardoso costumava comprar rosas brancas em uma floricultura próxima.

"Ele era uma ótima pessoa, muito trabalhador. Mas era teimoso também. Eu falei para ele parar de usar aquele relógio caro, mas ele usava mesmo assim", afirmou um jornaleiro, que pediu anonimato.

O delegado que investiga o caso diz que a principal linha de apuração é latrocínio (roubo seguido de morte). Ele estranhou, porém, a atitude do criminoso, que se expôs ao agir sozinho, e a reação do empresário, que desceu do veículo blindado. "Foge do habitual. Tanto o criminoso quanto a vítima tiveram reações incomuns."

Uma funcionária relatou à polícia que pediu ao chefe que entregasse o relógio ao ladrão. Vizinhos disseram à Folha que ela implorava.

Havia quatro pessoas no local --dois clientes e dois funcionários. Elas contaram que o bandido entrou com a arma em punho, após parar a moto do outro lado da via. Uma delas se escondeu debaixo de uma mesa e chamou a polícia.

Eduardo Vaz, advogado da família, descarta a hipótese de crime encomendado. "Contamos com a competência da polícia para localizar os responsáveis."
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