Folha de S. Paulo


Crise dos municípios reduz apresentação de maracatus rurais em PE

A crise financeira dos municípios obrigou prefeituras que patrocinam os maracatus rurais de Pernambuco a reduzir ou cortar a ajuda financeira a agremiações participantes do tradicional encontro dos grupos, realizado nesta segunda-feira (11), em Nazaré da Mata (a 65 km de Recife).

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Na própria cidade que recebeu o encontro, ao menos duas agremiações deixaram de se apresentar no principal evento dos maracatus no Estado devido a dificuldades financeiras.

Segundo o secretário da Cultura da cidade, Leonardo Martins, 62, a crise fez com que prefeituras não garantissem a verba para fantasias, transporte e alimentação.

"O FPM [Fundo de Participação dos Municípios] praticamente não existe no final e início do ano", disse o secretário.

O maracatu rural é composto basicamente por trabalhadores da agricultura, como cortadores de cana-de-açúcar.

Apesar do encolhimento do desfile, a prefeitura acredita que cerca de cem maracatus participariam do encontro ou desfilariam nos polos de folia, nos dias de Carnaval.

Alheios à crise, turistas lotaram a pequena cidade da Zona da Mata para prestigiar a festa, conhecida pelas coloridas e pesadas fantasias dos caboclos de lança, os personagens guerreiros que usam grandes perucas e mantos bordados.

O som característico do maracatu rural, também chamado de baque solto, vem da batida rápida, quase frenética da percussão, e do uso de instrumentos de sopro.

Os caboclos de lança são os protetores da corte, e os líderes das agremiações são os mestres de maracatu que, durante as apresentações, sobem ao palco com os músicos para entoar as "loas", que são poesias lamuriosas improvisadas.

Nas loas, os mestres cantam assuntos da política local, lamentam dramas pessoais e até criam versos de assuntos atuais, como a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.


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