Folha de S. Paulo


Para homenagear Vinicius de Moraes, União da Ilha leva Toquinho à Sapucaí

A União da Ilha foi a quarta escola a passar pela Sapucaí no primeiro dia de desfiles do Rio de Janeiro. A agremiação homenageou o poeta, compositor e cantor Vinícius de Moraes.

Acompanhe minuto a minuto os desfiles no Rio
Veja a cobertura completa do Carnaval
Está pulando o Carnaval? Mande seu relato!
Fotografe com Instagram sua folia e envie para Folha
Colunistas comentam o "Carnaval do merchandising"
FHC diz que está à vontade no sambódromo do Rio

Para contribuir com o enredo, a escola contou com a presença de amigos e parceiros ilustres do "poetinha". Toquinho, seu parceiro musical mais frequente, veio num tripé, alusivo à praia de Itapoã, na Bahia. Ao fim do desfile, ele se disse emocionado. "Depois de 50 anos de carreira, jamais pensei que fosse viver o que vivi hoje. Foi a maior emoção da minha vida", afirmou.

Para o cantor e compositor, Vinícius "estava, sem dúvida, presente no desfile", que recordou seu centenário de nascimento. "Ele estava lá com o uísquinho e o cigarrinho no canto da boca." O desfile contou com figuras de todos os ambientes pelos quais o poetinha circulava: malandros, boêmios, orixás e dançarinas.

E não podia faltar uma bailarina representando a Garota de Ipanema. O papel coube a Rita Martins, 36, bailarina do Theatro Municipal do Rio há 13 anos. Foi sua estreia numa comissão de frente. "Estou muito feliz e emocionada. É uma honrna muito grande viver o ícone da mulher carioca", disse ela, nascida em Copacabana.

A inspiradora da música "Garota de Ipanema", Helô Pinheiro também disse sentir "a presença do Vinícius" no desfile. "A Ilha desenvolveu um enredo com tudo o que ele gostava. Tudo que fazia parte da vida dele. Tinha a boemia, Ipanema, a sua religiosidade."

Os bailarinos evoluíam no chão e sobre três alegorias, que representavam livros. As páginas se abriam e formavam figuras que remetiam ao camdomblé, ao teatro, à literatura, entre outros.

O desfile foi bem colorido, com passagens por toda a vida do poeta. No abre-alas, a escola representou o bairro da Ilha do Governador, na zona norte, sede da escola e onde Vinícius passava os finais de semana com os pais. O poeta vivia com tios em Botafogo, zona sul. Para representar o bairro, o elemento escolhido foi a balsa que ligava o bairro ao centro do Rio.

Em outro carro, a Ilha representou um teatro, na frente da alegoria, e um cinema, na parte traseira, representando a ópera "Orfeu da Conceição" e filme "Orfeu Negro", inspirando na peça. Ambos são de Vinícius.

No fim do desfile, Ipanema e seu ambiente praiano foram representados em uma alegoria, onde placas mostravam o nome de duas ruas: Vinícius de Moraes (rebatizada em homenagem ao poeta) e Nascimento Silva, onde vivia Tom Jobim. Nele, a "garota de Ipanema" Helô Pinheiro era a destaque principal.

Referências ao candomblé (presente em músicas como Canto de Osanha, composta com Toquinho) estiveram em fantasias e alegorias --um Oxalá, orixá de Vinicius, e Mãe Menininha do Gantois foram retratados.

SEM PATROCÍNIO

O presidente da União da Ilha, Nei Filardi, ressaltou que a escola "foi a única do Grupo Especial" que não contou com patrocínio e optou por um enredo autoral _idealizado pelo carnavalesco Alex de Souza.

"Não temos o mesmo dinheiro que outras escolas, mas temos a raça, a força e a determinação dos nossos componentes."


Endereço da página:

Links no texto: