Jornalista premiado e autor de reportagens emblemáticas durante a ditadura, o alemão naturalizado brasileiro Fritz Utzeri morreu na manhã de ontem, aos 68, no Rio, vítima de um linfoma (tumor que atinge os gânglios linfáticos).
Utzeri, nascido Fritz Carl, lutava contra o câncer há três anos. Ele estava internado no hospital Quinta D'Or, em São Cristóvão (zona norte do Rio).
Filho de uma refugiada italiana e de um soldado alemão morto quatro meses antes de seu nascimento, em um bombardeio da Segunda Guerra, Utzeri chegou ao Brasil ainda criança, em 1952, depois de rodar com a mãe por diversos países da América do Sul.
Estabeleceu-se no Rio nos anos 1960 e formou-se em medicina na Uerj, com especialização em psiquiatria.
Não exerceria a profissão, trocada pelo jornalismo desde a faculdade, quando editou o semanário "Perspectivas", que lhe rendeu um processo com base na Lei de Segurança Nacional.
Uma vez formado, foi trabalhar como estagiário do "Correio da Manhã" e, em 1968, estrearia no "Jornal do Brasil". Cobriu com destaque episódios como o atentado do Riocentro (que lhe renderia o prêmio Esso de 1981) e o desaparecimento do deputado Rubens Paiva (que lhe garantiu o prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos em 1979).
Foi também editor da TV Globo e diretor de comunicação da Fundação Roberto Marinho. Nos anos 90, escreveu crônicas na revista "Bundas" e no "Jornal do Brasil".
Parte de suas crônicas jornalísticas foram compiladas no livro "Dancing Brasil".
Casado, teve dois filhos. Será cremado hoje, no Memorial do Carmo, no Caju.
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