Folha de S. Paulo


Placa de saída mal colocada pode ter enganado vítimas da Kiss

Um aviso de saída mal posicionado pode ter provocado o direcionamento errado de dezenas de pessoas em meio ao pânico causado pelo incêndio na boate Kiss, em Santa Maria.

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A afirmação foi feita em depoimento à polícia pela ex-funcionária da casa noturna Vanessa Gisele Vasconcellos, que afirmou ter ouvido a informação de Marcelo Carvalho, outro funcionário da boate.

A ex-funcionária trabalhou como relações públicas da casa entre dezembro de 2010 e dezembro de 2012. Sua irmã, Letícia Vasconcellos, foi uma das 236 vítimas do incêndio.

Segundo Vanessa, Carvalho afirmou após a tragédia, que o aviso de saída estava mal posicionado entre os banheiros e a saída de fato da boate, o que pode ter enganado as vítimas que buscavam deixar o local em meio à fumaça e ao caos que havia se instalado no local.

Dezenas de vítimas foram encontradas nos banheiros. Segundo bombeiros que participaram do resgate, os corpos das vítimas estavam empilhados no local.

"Do lado direito, em frente e dentro do banheiro, estava o maior número de pessoas. Pareciam empilhadas com empilhadeira. Devem ter pensado que no banheiro estariam salvas", disse à Folha o sargento Sérgio Gularte, 46, que participou dos trabalhos.

A ex-funcionária ainda contou à polícia que o sócio da casa noturna Elissandro Spohr mantinha a postura de "quanto mais gente, melhor" em relação ao local. Segundo o relato, por orientação de Spohr, a casa chegou a receber mais de 1.800 pessoas em algumas ocasiões. A investigação aponta que a capacidade máxima da boate era de 619 pessoas.

O advogado Jader Marques, que representa o sócio Elissandro Spohr, 28, afirmou ontem que os proprietários revestiram por conta própria o teto do estabelecimento em cima do isolamento acústico. Segundo testemunhas, foi no teto que começou o incêndio, após um integrante da banda usar um sinalizador.

Apesar dos pontos apurados pela polícia, o advogado nega a superlotação do local e afirma que "não havia nada de irregular" na casa noturna e que ela estava em plenas condições de funcionamento.

INCÊNDIO

O incêndio aconteceu na madrugada de domingo (27) na boate Kiss, localizada no centro de Santa Maria (RS). O local é famoso por receber estudantes universitários. Ao todo, 236 pessoas morreram e outras 124 permanecem internadas.

O fogo teria começado na espuma que revestia o teto da boate, após um integrante da banda Gurizada Fandangueira manipular um sinalizador. Faíscas atingiram o teto e iniciou as chamas. O guitarrista da banda afirmou que o extintor de incêndio não funcionou.

Editoria de Arte/Folhapress

A maioria das vítimas morreu por asfixia durante a festa promovida por alunos da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Muitas foram encontradas amontoadas nos banheiros, por onde tentaram fugir do fogo.

A boate Kiss, com capacidade para até 691 pessoas, recebeu entre 900 e 1.000 no dia do incêndio, de acordo com a polícia.

A direção da boate Kiss divulgou nota afirmando que a casa estava dentro da normalidade e creditou o incêndio a uma "fatalidade".

Editoria de Arte/Folhapress
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