Folha de S. Paulo


Salvamento dos bombeiros será investigado, diz polícia

O delegado regional Marcelo Arigony, que investiga as causas da tragédia que matou 235 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria (RS), disse na tarde desta quinta-feira (31) que as acusações contra a ação dos bombeiros, no momento do salvamento das vítimas do incêndio, devem ser investigadas em inquérito militar.

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Na quarta (30), o advogado Jader Marques, que defende Elissandro Spohr, um dos sócios da boate, disse que a ação dos bombeiros foi "desastrosa", por ter permitido que civis ajudassem a retirar as vítimas do prédio.

Questionado sobre eventuais infrações que possam ter sido cometidas pelos bombeiros, o delegado Arigony disse que preferiria não se manifestar sobre o assunto.

"Isso deve ser investigado em inquérito militar", respondeu Arigony.

Na tarde desta quinta, um coronel do Corpo de Bombeiros de São Leopoldo (RS) esteve no prédio da boate Kiss para coletar informações que devem constar desse inquérito militar.

PLANO DE INCÊNDIO

O delegado disse também que ainda não viu o plano de prevenção a incêndios da boate Kiss.

Pela lei gaúcha, o PPCI (Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio) deve ser aprovado pelos bombeiros. A corporação precisa ainda fazer inspeções anuais para avaliar se o local está em conformidade com as normas de segurança.

A prefeitura e os bombeiros já entregaram os documentos que a Polícia Civil solicitou para as investigações.

Arigony disse ainda não ter visto o PPCI entre os papéis --mas ponderou que a quantidade de páginas é grande e que ainda precisa analisá-las melhor.

INCÊNDIO

O incêndio aconteceu na madrugada de domingo (27) na boate Kiss, localizada no centro de Santa Maria (RS). O local é famoso por receber estudantes universitários. Ao todo, 235 pessoas morreram e outras 138 permanecem internadas

Sobreviventes relataram que, antes de perceberem o incêndio, os seguranças teriam impedido os jovens de saírem sem pagar.

Editoria de Arte/Folhapress

A maioria das vítimas morreu por asfixia durante a festa promovida por alunos da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Muitas foram encontradas amontoadas nos banheiros, por onde tentaram fugir do fogo.

No local, havia apenas uma uma porta, que funcionava como a única passagem de entrada e saída da boate. Bombeiros e sobreviventes quebraram a fachada da casa noturna a marretadas para retirar as pessoas.

A boate Kiss, com capacidade para até 691 pessoas, recebeu entre 900 e 1.000 no dia do incêndio, de acordo com a polícia.

A direção da boate Kiss divulgou nota afirmando que a casa estava dentro da normalidade e creditou o incêndio a uma "fatalidade".

Editoria de Arte/Folhapress
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