Folha de S. Paulo


Meu colega foi pegar extintor, mas não deu tempo, diz DJ da Kiss

O DJ Bolinha, que tocava na boate Kiss na noite do último domingo, quando houve o incêndio que matou 235 pessoas comparou a tragédia a uma cena de terror. "Vi pessoas caindo. Foi muito triste. Meu colega correu até a cabine para pedir o extintor, mas não dava mais tempo", disse ele.

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Bolinha, que registrou as primeiras fotos do acidente, se apresentava nos intervalos dos shows e disse que costumava ir à Kiss quase todos os finais de semana. Hoje, ele esteve na delegacia de Santa Maria para pegar a mochila que foi deixada na casa durante o incêndio.

Segundo ele, não faltou luz na boate após o incêndio, mas a visibilidade ficou prejudicada por causa da fumaça. Ele estava na cabine, em frente ao palco onde o incêndio começou, mais próximo da porta de saída.

"Vi o terror, o inferno. Vi meus amigos correndo. Vi pessoas sendo solidárias. Vi pessoas que não devem ser esquecidas", afirmou o DJ, que já havia prestado depoimento no domingo. Ontem ele participou da reconstituição do acidente na boate.

Editoria de Arte/Folhapress
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INVESTIGAÇÃO

Um grupo de engenheiros do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) faz nesta quinta-feira uma nova vistoria na boate. Técnicos do IGP (Instituto Geral de Perícias) também já estiveram no local após a tragédia.

As equipes devem elaborar um laudo técnico que poderá apontar as causas do incêndio. Segundo testemunhas, ele teria originado no teto após um integrante da banda que tocava no local usar um sinalizador.

O advogado Jader Marques, que representa o sócio Elissandro Spohr, 28, afirmou ontem que os proprietários revestiram por conta própria o teto do estabelecimento em cima do isolamento acústico. Segundo testemunhas, foi no teto que começou o incêndio, após um integrante da banda usar um sinalizador.

A polícia apura ainda se o local estava superlotado. A boate tinha capacidade para apenas 691 pessoas, mas funcionária relatou ter separado mil comandas para a festa da noite da tragédia. Outras falhas também são apuradas como as grades de metal que dificultaram a passagem de quem fugia e os extintores que não funcionavam.

Apesar dos pontos apurados pela polícia, o advogado nega a superlotação do local e afirma que "não havia nada de irregular" na casa noturna e que ela estava em plenas condições de funcionamento.


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