Folha de S. Paulo


Moradores fazem abaixo-assinado para exigir fiscalização mais rígida

Moradores de Santa Maria (RS) continuam se mobilizando para pedir fiscalizações mais rígidas nos bares e casas noturnas da cidade. Na manhã desta quinta-feira cerca de 40 pessoas colhiam assinaturas na cidade num abaixo-assinado para exigir medidas mais eficazes e rígidas de fiscalização dos bares e casas noturnas.

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O Corpo de Bombeiros da cidade, responsável por verificar problemas em casas noturnas, teve dois meses para vistoriar a boate Kiss, onde 235 pessoas morreram após o incêndio no domingo (27). De acordo com o órgão, a nova fiscalização não foi feita por "questões administrativas".

Lúcia Madruga é uma das pessoas que recolhe as assinaturas nas ruas. Ela não perdeu parentes no incêndio, mas conhecia uma das vítimas, que foi ex-namorada de seu filho.

"Quem está menos envolvido tem a lucidez para tomar uma atitude. Queremos comprovar com o documento que a população está mobilizada", disse.

Após recolher os dados suficientes, o grupo pretende entregá-los às autoridades municipais, estaduais e federais.

INVESTIGAÇÃO

Um grupo de engenheiros do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) fará no início da tarde desta quinta-feira uma nova vistoria na boate. Técnicos do IGP (Instituto Geral de Perícias) também já estiveram no local após a tragédia.

As equipes devem elaborar um laudo técnico que poderá apontar as causas do incêndio. Segundo testemunhas, ele teria originado no teto após um integrante da banda que tocava no local usar um sinalizador.

O advogado Jader Marques, que representa o sócio Elissandro Spohr, 28, afirmou ontem que os proprietários revestiram por conta própria o teto do estabelecimento em cima do isolamento acústico. Segundo testemunhas, foi no teto que começou o incêndio, após um integrante da banda usar um sinalizador.

A polícia apura ainda se o local estava superlotado. A boate tinha capacidade para apenas 691 pessoas, mas funcionária relatou ter separado mil comandas para a festa da noite da tragédia. Outras falhas também são apuradas como as grades de metal que dificultaram a passagem de quem fugia e os extintores que não funcionavam.

Apesar dos pontos apurados pela polícia, o advogado nega a superlotação do local e afirma que "não havia nada de irregular" na casa noturna e que ela estava em plenas condições de funcionamento.

Editoria de Arte/Folhapress
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INCÊNDIO

O incêndio aconteceu na madrugada de domingo (27) na boate Kiss, localizada no centro de Santa Maria (RS). O local é famoso por receber estudantes universitários. Ao todo, 235 pessoas morreram e outras 145 permanecem internadas

O fogo teria começado na espuma de isolamento acústico da boate, após um integrante da banda Gurizada Fandangueira manipular um sinalizador. Faíscas atingiram o teto e iniciou as chamas. O guitarrista da banda afirmou que o extintor de incêndio não funcionou.

Sobreviventes relataram que, antes de perceberem o incêndio, os seguranças teriam impedido os jovens de saírem sem pagar.

Editoria de Arte/Folhapress

A maioria das vítimas morreu por asfixia durante a festa promovida por alunos da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Muitas foram encontradas amontoadas nos banheiros, por onde tentaram fugir do fogo.

No local, havia apenas uma uma porta, que funcionava como a única passagem de entrada e saída da boate. Bombeiros e sobreviventes quebraram a fachada da casa noturna a marretadas para retirar as pessoas.

A boate Kiss, com capacidade para até 691 pessoas, recebeu entre 900 e 1.000 no dia do incêndio, de acordo com a polícia.

A direção da boate Kiss divulgou nota afirmando que a casa estava dentro da normalidade e creditou o incêndio a uma "fatalidade".


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