Folha de S. Paulo


Misto de bike e skate, 'dirtsurfe' engata nos calçadões do Rio

Uma plataforma parecida com um skate, duas rodas de bicicleta de aro 20 e um freio a disco. Movimentos e velocidade que remetem ao surfe e ao "snowboard". Este é o "dirtsurfe", nova modalidade esportiva que começa a aparecer na orla carioca.

"Muita gente ainda não conhece, mas acho que tem tudo para crescer e virar uma febre. Ele atinge altas velocidades e tem um freio, o que é uma vantagem se comparado ao skate", diz o praticante Erivaldo Barbosa.

A maioria dos adeptos descobriu o "dirtsurfe" pela internet e logo se apaixonou. A velocidade atingida, que pode chegar a 100 km/h em uma ladeira, é o que todos os praticantes dizem mais gostar.

"A sensação de liberdade que a velocidade proporciona é incrível. Tinha visto vídeos de competições no exterior e havia ficado curioso. Depois de andar fiquei fascinado", conta o comerciante Luiz Claudio Fernandes.

Ainda pouco difundido, o "dirtsurfe" foi criado pelo engenheiro e surfista Graeme Attey na Austrália, em 1998. O esporte chegou ao Brasil em 2006, com os equipamentos sendo trazidos de fora. Hoje, alguns modelos já são fabricados no país e é possível comprá-los pela internet.

"Há dois anos conheci o 'dirtsurfe' na web e fiz um protótipo que não funcionou. Comecei a fazer uns ajustes até que cheguei ao modelo que produzimos hoje. Nosso equipamento é diferente e mais barato do que o importado. Custa R$ 700, enquanto o fabricado no exterior varia entre R$ 1.200 e R$ 1.500", conta Leandro José da Silva, dono da fábrica Wheeled Surf, de Santa Catarina.

Ainda existem poucos praticantes na cidade. Na Galeria River, referência para quem quer comprar itens ligados a surfe e skate, os lojistas desconhecem a febre.

"Mudei para o Rio em 2011 e desde então cruzo a cidade no meu 'dirt'. Ele é meu meio de transporte", conta Barbosa.

As manobras podem ser praticadas em qualquer terreno: na lama, terra, asfalto ou areia. Os pés podem ficar presos ou soltos na plataforma, que pode ser rígida, para o uso em alta velocidade, ou flexível, para a realização de manobras. Mas, por ser um esporte radical, é preciso cuidado para não se machucar.

"Uma vez caí quando estava a 90 km/h e quebrei duas costelas. Por isso é importante usar capacete e roupas de motoqueiro. No 'dirtsurfe' original, da Austrália, há até um aviso", conta Silva.


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