Folha de S. Paulo


Brasileiríssimos, café e goiabada no Fartura carregam o peso da história

"Você não vai querer jogar fora 200 anos de tradição". Foi o que a arquiteta e produtora de moda Carolina Freire Riberto de Lima ouviu de seu pai, dono da fazenda Santo Antônio, em Jacutinga, Minas Gerais, de onde sai o café da Condessa.

Ela é uma das expositoras presentes na primeira edição paulistana do festival Fartura, que começou neste sábado (25), no Jockey, em São Paulo.

A produção acontece ali há nove gerações, mas antes de se atentar para o negócio, Carolina viveu em lugares como Inglaterra e Noruega. Quando o pai anunciou que estava perto de se aposentar, ela visitou a fazenda, pediu uma análise do café e chegou à conclusão que não queria ver o cultivo nas mãos de outra pessoa.

Até aquele momento, o café era vendido como commoditie. "Quem bebe esse café?", Carolina se perguntou.

De olho na valorização do mercado nacional, ela resolveu investir na seleção de grãos de um produto de boa qualidade, produzido a 1250 metros de altitude, com doçura natural e acidez cítrica. Hoje, a produção continua na mão do pai –mas com sua experiência de planejamento e negociação, começou a vender seus grãos em pontos como Casa Santa Luzia e Carrefour.

Com seu toque pessoal: em uma embalagem inspirada na marca Chanel.

GOIABADA

A família Mol construiu uma história de tradição em volta de uma receita de goiabada feita exatamente como quando saiu do primeiro tacho pela primeira vez, 80 anos atrás. Tudo começou para "arribar a economia de casa em uma época ruim da economia", diz João Antônio Netto, marido de uma das fundadoras.

Desde então, a goiabada Zélia, feita com a casca da fruta (e parte da polpa, sem as sementes), se tornou um negócio que hoje produz 20 mil quilos do doce por mês. Parte das goiabas são cultivadas pelos próprios produtores na fazenda Jatiboca, em Minas Gerais.

Todo o processo é manual, começa com a retirada da semente, a fruta picada e depois colocada no tacho de cobre até dar o ponto. Que, aliás, ainda é encontrado da maneira tradicional: um bocadinho do doce é testado, na mão, até estar cremoso –e perder a consistência de puxa-puxa.

A programação do Fartura pode ser vista no site do festival –no qual também há um link para a compra de ingressos.

Chamada Especial Fartura

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