Quando se lê Hirá Ramen Izakaya, espera-se o que ele vende de largada, no nome.
Bem, se formos recorrer a uma explicação bem simplista, um izakaya, no Japão, apoia-se no tripé bebida-petiscos-ambiente familiar, pequeno e despretensioso.
O que quer dizer que, já da porta, o cliente se sente um tanto injuriado: o espaço da casa, que abrigava o extinto AK Villa, em nada conversa com a tradição. De pé-direito alto e música idem, carece de aconchego.
Pede-se um drinque sugerido pela garçonete (esperta e delicada), que combina cachaça, purê de caju, açúcar de cardamomo, limão (R$ 32). Dulcíssimo.
Dos petiscos a serem compartilhados, vale o lado lúdico da experiência de provar o saquaritá, um molusco escondido na concha, com gosto de maresia, embebido em um caldo leve e ácido.
O pão chinês, feito no vapor, é massudo (sem a delicadeza que lhe é característica), mas envolve uma barriga de porco tenra, enriquecida com molho picante e aioli de leite, uma emulsão leve com consistência de maionese (R$ 22, dois).
Já a carne suína empanada tem duplo tropeço -é pouco suculenta e de superfície murcha. Na tigela, há ainda omelete (de doçura exagerada) e gohan. Pois este, o arroz japonês, merece mais cuidado -em vez de úmido e aglutinado, seco e solto (impossível de fisgar com o hashi).
O tataki de salmão é outra escolha para compor o teishoku (menu-executivo servido no almoço, de R$ 35 a R$ 45). O peixe, de sabor neutro, trouxe uma espinha.
Bem, a cena não condiz com o olhar dos donos, imersos no negócio e com bagagem -entre eles, Daniel Hirata, que flerta com a cozinha coreana, esteve à frente do bem-sucedido Mori Sushi Ohta.