Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Attimo decai, mas mantém preços altos, um descompasso

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Arroz de linguiça do Attimo
Arroz de linguiça servido no Attimo

O italiano Attimo perdeu boa chance de se renovar. A saída do chef Jefferson Rueda, em 2015, poderia ter valido de impulso para uma mudança para além do cardápio.

Bem, a cozinha mudou. Passou a flertar menos com o caipira, ganhou certa pompa e saiu perdendo. E os preços, que poderiam estar mais sintonizados com a tendência dos novos restaurantes (que andam fazendo o diabo para cortar custos e praticar valores camaradas), continuam altos –e agora desconectados da estatura da casa.

Num passeio pelo cardápio, nota-se que o carbonara custa R$ 74 –e não vale o quanto pesa. E pesa: a massa vem em bom ponto, firme, mas a mistura de queijos é intensa demais, a combinação de pancetta, bacon e lardo (este, defumado e temperado), idem. A sensação é a de que um ingrediente mata a potência do outro –tem até queijo trufado.

O dourado (R$ 79), alto e suculento, bronzeado no forno de carvão, chega à mesa encoberto por uma espuma insossa, de cogumelo e limão-siciliano. Mais valem os legumes que acompanham o peixe, viçosos e al dente.

Mas a cozinha de Francisco Pinheiro tem momentos de acerto: o fusilli ganha companhia de um ragu de javali encorpado, saboroso, denso (R$ 63). Também mostra personalidade o risoto com linguiça, vinho tinto e legumes (estes, de novo se saem muito bem; R$ 79), mas o cardápio erra ao anunciar que a linguiça é feita ali. Não é.

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Peixe com legumes do Attimo
Peixe com legumes, do Attimo

A fruta da estação até cairia bem neste calor, mas R$ 21 por uma porção? Mais elaborado, perde-se em pretensão o trio de pudins (pistache, doce de leite e Nutella), a R$ 35.

No mesmo pacote, garçons confusos nas explicações ao cliente acerca do que é novo ali e sem firmeza para ajudar na escolha do vinho.

A propósito, a taça pinçada de uma carta relevante, com garrafas de até R$ 4.200 (como os 375 ml do Château d'Yquem), foi servida de uma vez só, sem que o cliente provasse. Pode, Arnaldo?

Attimo
QUANDO: TER. A QUI., DAS 12h ÀS 15h E DAS 19h30 ÀS 23h30; SEX., DAS 12h ÀS 15h E DAS 19h30 À 0h; SÁB., DAS 12h ÀS 16h E DAS 19h30 À 0h; DOM., DAS 12h30 ÀS 17h
ONDE: R. DIOGO JÁCOME, 341, V.N. Conceição; TEL. (11) 5054-9999


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