Folha de S. Paulo


Chefs pedem que governo do México não permita cultivo de transgênico

Cerca de uma centena de chefs mexicanos, entre eles os reconhecidos Enrique Olvera e Álex Ruiz, pediram na semana passada ao governo de Enrique Peña Nieto que tome a dianteira sobre a decisão de um juiz que permite a retomada do cultivo do milho transgênico.

Os cozinheiros do chamado "Coletivo Mexicano de Cozinha" enfatizaram em um comunicado sua oposição à decisão do juiz que, no dia 19 de agosto, cancelou uma medida cautelar vigente desde 2013 que proibia o plantio de milho geneticamente modificado no México, um dos principais produtores e consumidores deste grão.

Esta resolução foi contestada por organizações civis e ecologistas no passado, com o objetivo de que se mantivesse a proibição.

"O cultivo desses produtos atenta contra a diversidade do nossos milhos nativos e coloca em risco suas existências", denunciaram os chefs. Além disso, seus agroquímicos "podem representar um perigo à saúde", ressaltaram.

Em 2009, o governo de Felipe Calderón (2006-2012) autorizou o cultivo de milho transgênico da Monsanto –uma das maiores empresas do mundo no ramo de sementes geneticamente modificadas– e outras empresas, mas quatro anos depois, organizações civis ganharam uma liminar que impedia autoridades de outorgar mais permissões para a liberação do grão modificado.

"Solicitamos ao governo federal que, através de instâncias correspondentes, expresse uma postura clara e firme a respeito", pediram os cozinheiros, unindo-se a vozes críticas à decisão judicial, como a do Greenpeace.

Os chefs citaram a preocupação de vários países europeus com os efeitos dos transgênicos na saúde e também cifras "alarmantes" na América Latina, como a de que 56% do cultivo de soja da Argentina é transgênico e "uma série de histórias preocupantes sobre doenças e contaminações" estão sendo documentadas "cada vez em maior escala".

O México é um dos principais produtores do mundo de milho branco, com o que se produz a tortilla, base da alimentação local.


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