Folha de S. Paulo


Casas investem em receitas embaladas para comer em qualquer lugar

Lucas Terribili/Divulgação
Bentô do restaurante Sanpo Bentô Deli
Bentô do restaurante Sanpo Bentô Deli

A cena é trivial em cidades como Nova York ou São Francisco (EUA): você entra em um restaurante, escolhe seu prato, espera ele ser rapidamente embalado e sai com o pacotinho para comer onde quiser –em casa, no escritório, no táxi, no banco do parque.

Se lá esse serviço já é moda, os restaurantes que fazem "take-out" são parte de um mercado que ainda desponta em São Paulo, mas que "tem crescido muito", diz Eduardo Scott, consultor de negócios especializado em gastronomia e que atua nessa área há 25 anos.

Aos poucos, começam a surgir por aqui casas como o Sanpo, o Cha-Cha e a Comedoria Gonzales, que foram planejadas para operar com essa vocação, mesmo que mantenham o serviço para quem quer comer no local.

Os pratos "para viagem" desses lugares ficam disponíveis em minutos, com embalagens próprias para a comida viajar, ser consumida em qualquer canto sem complicação e ir ao micro-ondas, se preciso. O sistema dispensa serviço: o cliente pede, paga e retira seu próprio pedido.

"O 'take-out' está ganhando força no Brasil e deve crescer mais. É um conceito prático, rápido e com bom preço", diz Felipe Sigrist, sócio do Cha-Cha, que pretende abrir outras lojas com esse formato.

O Cha-Cha funciona em um bonito espaço envidraçado, no térreo de um prédio no Itaim Bibi. Lá, a clientela, em geral dos escritórios ao redor, tem à disposição uma geladeira com sucos (R$ 9), saladas como a de quinoa, quiche de gruyère e mel (R$ 20), wrap de frango (R$ 20) e sobremesas. Também dá para fazer o pedido no balcão, onde estão sugestões como torta de camarão, bacalhau com batatas, salada de grãos e cuscuz paulista –a comida é então pesada (o preço muda de acordo com a receita), embalada e você paga no caixa.

Em um ambiente mais informal, com balcão e um par de mesas, o Sanpo, em Pinheiros, funciona como uma déli de receitas japonesas. Lá, pratos como bentôs (espécie de marmita japonesa), donburis (bowl de arroz com diferentes opções de carne) e, em breve, saladas, podem ser levados para viagem.

A clientela ainda está descobrindo o serviço. "Às vezes as pessoas vêm para almoçar aqui, mas quando descobrem que os pratos estão disponíveis para viagem, resolvem levar a comida. Mas funciona porque a espera é pouca", diz Ana Kanamura, dona. Os preços são contidos: os donburis vão de R$ 16 a R$ 21 e os bentôs (compostos de arroz, proteína, salada e acompanhamento), de R$ 20 a R$ 25. "O custo final do produto é a vantagem. Você não precisa comprar a bebida, pagar os 10% e, se estiver em casa, pode completar a refeição com outros elementos. O preço final acaba mais baixo", diz Eduardo Scott.

Rogerio Voltan/Divulgação
Receitas embaladas do restaurante Cha Cha
Receitas embaladas do restaurante Cha Cha

Para o chef Checho Gonzales, dono da Comedoria Gonzáles, no Mercado de Pinheiros, o que ele oferece é um serviço rápido com bom custo-benefício. "Tenho um giro grande e, assim, consigo ter um produto mais barato. É acessível, feito para quem precisa de facilidade", diz.

Tudo que está no cardápio pode ser pedido para viagem e, entre as opções, estão costelinha suína com batatas ou milho (R$ 15) e ceviche de peixe (R$ 17) ou frutos do mar (R$ 20).

Dedicado à cozinha tailandesa, o Tian colocou o "take-out" em prática há seis meses. Para conseguir dar conta, não oferece todos os produtos do cardápio, só os que viajam bem (não é o caso de frituras, por exemplo) e os que ficam prontos com rapidez, caso do curry vermelho com pato, leite de coco, lichia e manjericão (R$ 33).

"Começamos porque muita gente perguntava se poderia levar a comida. Temos muitos hotéis com estrangeiros por perto e também escritórios", diz Caio Alciati, chef da casa.

FIRME E FORTE

Além da rapidez da cozinha, outra preocupação recorrente das casas é com as embalagens usadas. Elas precisam ser resistentes, evitar vazamentos, manter a temperatura, ir ao micro-ondas (de preferência) e impedir que a receita sofra com o transporte.

No Tian, por exemplo, uma embalagem plástica com divisórias separa os elementos do pad thai (macarrão de arroz tailandês; R$ 36) para que itens como broto de bambu não amoleçam.

A mesma preocupação acontece no Sanpo, para que o molho não se misture ao arroz do bentô. "Precisamos fazer nossas embalagens sob medida e, por isso, elas são mais caras. Em alguns países, como EUA, existem muitas opções desses produtos à venda, mas aqui não", diz Ana Kanamura.

Além disso, para minimizar o impacto do lixo produzido, o Sanpo procura usar embalagens biodegradáveis e até fazer compostagem. Na Comedoria Gonzalez, além das embalagens, até o fim do mês os garfinhos que vêm com a comida serão de bambu.

Comedoria Gonzales
Onde r. Pedro Cristi, 31 e 71, Mercado Municipal de Pinheiros, boxe 85, Pinheiros, São Paulo, tel. (11) 3813-8719

Cha-Cha
Onde r. Lopes Neto, 340, Itaim Bibi, São Paulo, tel. (11) 2640-4004 

Sanpo
Onde r. Fradique Coutinho, 166, Pinheiros, São Paulo, tel. (11) 2579-0066

Tian Restaurante
Onde r. Jerônimo da Veiga, 36, Itaim Bibi, São Paulo, tel. (11) 2389-9399


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