Folha de S. Paulo


Grupo americano abre cafeteria em NY com grãos brasileiros

Antes de abrir o capital do Suplicy Cafés, em 2012, o empresário Marco Suplicy –que possui 11 cafeterias espalhadas pelo país– decidiu vender sua fazenda Santa Izabel, no sul de Minas Gerais.

Ele queria se concentrar apenas na torra e na distribuição da matéria-prima, sem as preocupações naturais da agricultura.

Marco Suplicy/Divulgação
Vista da fazenda Santa Izabel, em Minas, quando ainda era de Marco Suplicy
Vista da fazenda Santa Izabel, em Minas, quando ainda era de Marco Suplicy

Em 2011, encontrou um comprador que pretendia oferecer café dizendo "plantei, colhi, torrei, extraí e servi". Era a Fal Coffee, com base nos Estados Unidos, mas controlada pela Fal Holdings, organização com capacidade financeira intergaláctica que fica em Riad (Arábia Saudita).

Três anos depois de adquirir a fazenda brasileira, a empresa se prepara para inaugurar no centro financeiro de Manhattan, até agosto deste ano, a primeira unidade de varejo da Nobletree Coffee, sua distribuidora de cafés finos localizada no Brooklyn.

Para realizar esse sonho americano, eles se associaram a John Moore, que nasceu em New Jersey e está no ramo há mais de 20 anos.

Eduardo Knapp/Folhapress
Xícaras do Suplicy Cafés, em unidade paulistana
Xícaras do Suplicy Cafés, em unidade paulistana

Foi Moore que dirigiu a centenária torrefação nova-iorquina Dallis Coffee entre 2007 e 2012, período em que esteve sob o controle da família Quércia, proprietária do Octávio Café em São Paulo.

Com Moore no comando, a Nobletree –que se apresenta como um grupo que reúne fazendeiros, torrefadores e baristas– servirá cafés controlados da semente à xícara.

APELO

"Para quem não vive num país como o nosso, que é o maior exportador de cafés do mundo e onde se encontra um bom fornecedor ao alcance das mãos, dizer que é produtor tem um grande apelo, pois sugere o controle de propriedades internacionais", diz Marco Suplicy.

Para abastecer suas cafeterias, o empresário continua comprando café da fazenda Santa Izabel, que há um ano e meio é tocada pelo californiano Byron Holcomb, 34.

"Para que o produto brasileiro deixe de ser apenas uma opção barata para reforçar blends [ao lado de grãos de outros países], precisamos focar em pontos fundamentais da produção", diz Byron, referindo-se a genética, processamento e estudo de terroir.

O americano afirma que, no ano passado, investiu pesado em tecnologia de ponta e plantou 200 mil novos pés da variedade bourbon amarelo –quando a fazenda, que tem 240 hectares, foi vendida em 2011 ela tinha 300 mil pés de café plantados.

É trabalho necessário para atender às demandas do grupo internacional, cujos sheiks e príncipes parecem agora estar de olho em outro líquido negro além do petróleo.


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