Como gosto de caminhar, vou achar ótimo tropeçar mais amiúde com boa comida. Mas será que vão pegar esses carrinhos chiques de sanduíches e pratos mais elaborados para comer na rua, hábito pouco arraigado aqui?
Existem países asiáticos onde, no lugar de almoçar em casa ou em restaurantes, é comum comer a céu aberto quitutes de ambulantes.
Em cidades grandes dos Estados Unidos, por motivos diferentes (o império da produtividade e da pressa, o descaso protestante com a fruição dos prazeres), é habitual almoçar andando pelas ruas.
Já os brasileiros, por nossa herança ibérica e mediterrânea, em geral preferimos sentar e comer com mais calma nas refeições (o PF no boteco, o restaurante por quilo).
Os carrinhos bacanas e mais caros terão o desafio de se transformar numa opção para refeições, e não um folclore para lanches eventuais.
Será preciso cativar um público que dê um volume de retorno financeiro que viabilize o negócio. Não sei se é fácil.
Convém lembrar que nossa comida de rua –o dogão, o yakissoba, o pastel– é produzida por pessoas simples, "empresários" que andam de ônibus, pagam pouco aluguel, têm filhos em escola pública, usam um carro velho e não precisam ganhar grandes quantias para viver.
Já a nova onda de "food trucks" é liderada por chefs de classe média, com filhos em escola particular, prestação do carro para pagar, aluguel no Itaim Bibi... Some-se a isso o caríssimo investimento para comprar e montar um "truck" –e será necessário um ganho dez vezes maior do que o do tradicional ambulante.
Espero que dê certo, mas melhor fazer essa conta antes de botar o caminhão na rua.