Folha de S. Paulo


Novo comando não abala excelência do Fasano

No ano passado, a saída do chef Salvatore Loi do grupo Fasano surpreendeu o mundo da gastronomia. Em quase 30 anos -período em que o centenário Fasano voltou à ativa (nos Jardins, reabriu em 1990)- essa foi apenas a segunda mudança de chef.

Com ela deu-se a transferência para São Paulo do chef da filial carioca desde 2007, o italiano Luca Gozzani, 37, que antes passara por restaurantes multiestrelados na Itália, como Don Alfonso e Enoteca Pinchiorri (onde foi subchef).

Foi a decisão do proprietário Rogerio Fasano, 50, com sua conhecida habilidade de restaurateur: a escolha do chef adequado é crucial para um restaurante de prestígio, e depende não somente da habilidade do cozinheiro, mas também de sua afinação com o comando da casa -neste caso, exercida por um zeloso e detalhista proprietário.

A transição se mostrou tranquila. Gozzani manteve grandes clássicos da cozinha italiana (e do Fasano) e colocou uma marca pessoal.

Eduardo Knapp/Folhapress
Prato de Cappelli recheado de cogumelo porcini com lula ao vinho branco
Prato de Cappelli recheado de cogumelo porcini com lula ao vinho branco

Entre as novidades, há até técnicas da vanguarda espanhola (um delicioso tartare de atum salpicado de bottarga e amenizado por um leve iogurte esferificado) e seu conhecido tiramisù, montado na hora, em porções individuais.

A cozinha do Fasano segue vigorosa. Mesmo com reparos aos cappelli de porcini com lula ao vinho branco (os cogumelos obscurecem o molho) ou ao tamboril com repolho (o peixe poderia ser mais úmido), temos brindes como ravióli de caranguejo com molho de aspargos e bigoli (massa longa) de semolina com ragu de pato e zimbro -além de clássicos risotos e costeleta de vitelo à milanesa.

Mais: uma delicada codorna ao forno recheada com toucinho toscano e manjericão com couve-flor gratinada; o suculento peito de pato com berinjela à parmigiana; o cordeiro desossado com seu pungente molho, manjerona e batatas e alcachofras assadas; até um mais banal filé com toucinho toscano e batata recheada ao forno.

Não se trata só da cozinha: ali encontramos um restaurante completo -no cômputo de cozinha, vinhos, ambiente, serviço. O atendimento é impecável (e não somente para magnatas e celebridades, que, claro, são incensados, mas também para turistas, jovens gourmets, hóspedes anônimos), e os vinhos fogem dos óbvios chavões.

A atmosfera que começa no lobby, passa pelo piano e pelo bar, banha o visitante com uma arte antiga hoje meio esculhambada -a de receber e fazer sentir bem.

Fasano
Endereço rua Vitório Fasano, 88 (hotel Fasano), Jardins, tel. 0/xx/11/3062-4000
Funcionamento seg. a qui., das 19h à 0h30; sex. e sáb., das 19h à 1h
Ambiente salão requintado com lindo bar e inesperado teto retrátil
Serviço discreto, sem ser sufocante
Vinhos a carta é extensa, cara e cheia de preciosidades -com bom serviço
Cartões A, D, M e V
Preços entradas, de R$ 64 a R$ 980 (caviar); pratos, de R$ 99 a R$ 250; sobremesas, de R$ 24 a R$ 79


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