Imagine tomar um vinho feito por Angelina Jolie e Brad Pitt. É possível. Acaba de chegar ao Brasil um lote de 1.200 garrafas do rosé Miraval, produzido na vinícola do casal.
Os atores compraram, em 2008, uma propriedade na Provence, na França, e, em parceria com o enólogo Marc Perrin, assumiram os vinhedos.
"Estou fascinado por essa arte, mas ainda a conheço pouco. Os Perrin têm um conhecimento de gerações", disse Pitt à TV francesa TF1.
Ilustração: Luciano Schmitz Foto: Victor Moriyama/Folhapress | ||
Ilustração de Angelina Jolie feita com vinho |
Mesmo sem entender do assunto, o casal esteve nas degustações para o corte do vinho, quando se define qual será a composição da bebida.
FAMOSOS NO BRASIL
Os hollywoodianos não são o único exemplo de famosos a investir em vinícolas.
Só em 2012, colocaram vinhos no mercado o ator Richard Gere, a cantora Fergie e o atleta Lionel Messi.
Francis Ford Coppola há anos divide sua atenção entre filmes e vinhos -a Folha visitou seu vinhedo nos EUA.
Também entram na lista nomes como os atores Sam Neill e Gérard Depardieu, os cantores Sting e Julio Iglesias e o jogador de futebol Iniesta.
Juntam-se a eles celebridades brasileiras, como o ex-jogador Ronaldo e o narrador Galvão Bueno. Ele tem rótulos próprios e se tornou sócio da Miolo neste ano. "Não criei um rótulo só para usar meu nome. Acredito no potencial da indústria no Brasil", diz.
Rogério D'ávila, diretor da importadora Ravin, explica o fetiche que envolve vinhos de celebridades: "Todo vinho deve ter uma história. Aqueles que têm o nome de um famoso já vêm com ela".
A colunista de vinhos da Folha, Alexandra Corvo, provou, às cegas, oito rótulos de personalidades.
A reportagem também conheceu o projeto argentino que loteia vinhedos em Mendoza para qualquer um -famoso ou não- produzir um vinho para chamar de seu.
TESTE ÀS CEGAS
Os rótulos de celebridades possuem virtudes capazes de agradar a muitos paladares, ainda que não alcancem a excelência de outros vinhos produzidos nas mesmas regiões.
Karime Xavier/Folhapress | ||
A sommelière Alexandra Corvo faz degustação a convite do "Comida" |
Foi essa a conclusão a que chegou a sommelière Alexandra Corvo, colunista da Folha, depois de um teste às cegas. Ela experimentou oito rótulos que estão à venda no Brasil.
A especialista se surpreendeu com o rosé recém-lançado de Brad Pitt e Angelina Jolie -"aromático, com sabor delicado"- e com o vinho do cantor espanhol Julio Iglesias, o melhor tinto da degustação. Na ponta oposta, ficou o Le Malbec de Cayx, produzido no castelo francês da família real dinamarquesa -"muito químico".
Cada rótulo traz um ícone que indica se vale ou não o custo-benefício, na opinião da sommelière.
BRAD PITT E ANGELINA JOLIE
Editoria de Arte/Folhapress |
Miraval Côtes de Provence 2012
País: França (Provence)
Uvas: syrah, grenache, cinssault e rolle
Quanto: R$ 150
Onde: World Wine (tel. 0/xx/11/3383-7477)
A avaliação: Tem a cor clara, típica da região. Muito aromático, com notas de pétalas de rosa, maracujá doce e pêssegos frescos. Na boca é delicado e saboroso, mas um pouco alcoólico demais; falta acidez
FRANCIS FORD COPPOLA
Editoria de Arte/Folhapress |
Presents Bianco 2007
País: EUA (Napa Valley)
Uvas: pinot grigio, chardonnay e sauvignon blanc
Quanto: R$ 86
Onde: Imigrantes Bebidas (tel. 0/xx/11/5067-2700) Outros rótulos serão trazidos pela Ravin a partir de setembro
A avaliação: Aromático, com perfume de mel, floral e algo de melão. Na boca é cremoso, mas sobra álcool e falta frescor e acidez. Fica um pouco enjoativo e pesado com o tempo
PRÍNCIPE HENRIQUE DA DINAMARCA
Editoria de Arte/Folhapress |
Le Malbec de Cayx 2009
País: França (Cahors)
Uva: malbec
Quanto: R$ 92
Onde: Mistral (tel. 0/xx/11/3372-3400)
A avaliação: Tem os aromas florais típicos dos vinhos dessa região francesa, mas possui algo de artificial e químico demais. Na boca é fresco, mas com pouco sabor e muito tânico. Desequilibrado, no geral
RONALDO NAZÁRIO
Editoria de Arte/Folhapress |
Hito 2009 Cepa 21
País: Espanha (Ribera del Duero)
Uva: tempranillo
Quanto: R$ 84
Onde: Épice (tel. 0/xx/11/2910-4662)
A avaliação: "Bouchonné" -comprometido por estar com gosto de rolha-, o vinho não pôde ser avaliado pela sommelière. Procurada pela reportagem, a importadora Épice informou se tratar de um problema isolado da garrafa
JULIO IGLESIAS
Editoria de Arte/Folhapress |
Montecastro 2006
País: Espanha (Ribera del Duero)
Uvas: tempranillo, merlot e cabernet sauvignon
Quanto: R$ 198
Onde: Porto Mediterrâneo (tel. 0/xx/47/3263-0006)
A avaliação: Belo vinho, típico espanhol. Exala aromas de café, banana-passa, baunilha e amêndoas tostadas. Perfumado e maduro, tem taninos bem fundidos
no sabor, e boca redonda, cheia, firme e longa
OLIVIER ANQUIER
Editoria de Arte/Folhapress |
Anquier Brut
País: Brasil (serra gaúcha)
Uvas: chardonnay e pinot noir
Quanto: R$ 45
Onde: Don Giovanni (tel. 0/xx/54/3455-6293)
A avaliação: É um espumante perfumado, com aromas florais delicados e amanteigados, com um toque de pêssego passado. Na boca é rico, redondo, com bom volume e musse, espuma adequada, mas falta frescor e acidez
GALVÃO BUENO
Editoria de Arte/Folhapress |
Bueno Paralelo 31
País: Brasil (região da Campanha, no RS)
Uvas: cabernet sauvignon, merlot e petit verdot
Quanto: R$ 75
Onde: Miolo (tel. 0800-9704165)
A avaliação: Frutado intenso, até um pouco exagerado, mas melhora com a oxigenação. Bem explosivo no aroma. Na boca é duro, seco, ainda jovem. Mas tem boa acidez, talvez evolua um pouco na garrafa
NELSON MANDELA
Editoria de Arte/Folhapress |
House of Mandela Thembu Collection Pinotage 2012
País: África do Sul (Western Cape)
Uva: pinotage
Quanto: R$ 49
Onde: Ravin (tel. 0/xx/11/5574-5789)
A avaliação: Muito profundo. Perfumado, de odores intensos. Fresco, de boa acidez e taninos pronunciados, ainda que um pouco secos -é ainda jovem, um pouco duro. Típico do Novo Mundo
ESPORTE
Vinho da Copa chega ao mercado
A vinícola gaúcha Lidio Carraro foi escolhida pela Fifa para produzir o Faces, rótulo oficial da Copa de 2014. Os vinhos branco e tinto (este, um corte de 11 uvas, como um time de futebol) foram servidos em estádios na Copa das Confederações e chegaram às lojas em junho; o rosé, só em outubro. Cada garrafa custa R$ 39,80.