Folha de S. Paulo


Garrafas ganham atenção de produtores de cachaça; veja receita de drinque

Para além dos botecos, a pinga tem invadido prateleiras de empórios, cardápios de grandes restaurantes e a casa de gente que torcia o nariz para esse destilado.

"Se há dez anos comercializava-se cachaça em 20% dos pontos de venda das classes A e B, hoje 80% deles têm ao menos um rótulo", diz Vicente de Tommaso, do Instituto Brasileiro da Cachaça.

A conquista desses mercados é parte de um processo de valorização da bebida. Veja receita de drinque com cachaça

Um dos artifícios usados com cada vez mais regularidade pelos produtores é o design de garrafas e rótulos.

Se a bebida está ligada a vasilhames de marcas como Havana (que usa garrafas de cerveja) e 51 (modelo transparente), um bom número de lançamentos representa um movimento oposto -quatro chegam ao mercado até agosto.

Na busca de personalização, os produtores têm usado garrafas mais robustas, com desenho exclusivo e rótulo serigrafado.

A Gouveia Brasil, fabricada em Turvolândia (MG), usa uma garrafa francesa. "Ela é de vinho, mas encontramos no desenho traços que lembram o nó da cana", diz Roberto Brasil, produtor da marca lançada em maio.

A Engenho Pequeno, feita em Pirassununga (SP), virá com rótulo serigrafado. "Buscamos uma garrafa que agregasse valor a uma bebida de qualidade", diz o produtor, Fernando Guimarães.

O músico Marcelo Bonfá, ex-Legião Urbana, põe à venda em julho a Perfeição.

Produzida em um sítio em Bocaina de Minas (MG), a cachaça é envasilhada em garrafas de espumante e seladas com lacre de cera. O rótulo mistura pés de cana a uma invocada caveira flamejante. "Queremos explorar nichos e mostrar que a cachaça é uma bebida de primeira linha", diz Bonfá.

Mais que garrafas exclusivas, essas marcas têm em comum o preparo artesanal e a produção inferior a 10 mil litros anuais (as grandes marcas produzem mais de 1,5 milhão de litros por ano).

À semelhança desses lançamentos, duas edições da Weber Haus também terão venda restrita.

No caso da Lote 48, 12 anos, serão apenas 2.000 garrafas, com design exclusivo -e rótulo banhado a ouro.

Editoria de Arte/Folhapress

O caminho foi aberto por marcas como a Nega Fulô, lançada em 1977 em garrafas de terracota. Na última década, ganhou força com rótulos tipo exportação e nacionais, como Cachaça da Quinta, do Barão, Flor do Vale e Cabana.

SOFISTICAÇÃO

Para o empresário Maurício Maia, do blog "O Cachacier", design é fundamental. "A distribuição restrita depende de pontos de venda sofisticados, nos quais a qualidade do produto conta, mas a beleza também", afirma.

Mas isso tem um preço: esses rótulos chegam ao mercado geralmente a valores acima de R$ 100.

A expectativa dos produtores é que as garrafas ajudem a conquistar novos públicos. Segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça, o segmento artesanal tem crescido 20% ao ano.


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