Folha de S. Paulo


Insetos recebem mais atenção na Europa

"Do que um mundo com cada vez mais pessoas vai se alimentar?", pergunta Bridget Nickles, em entrevista à Folha. "Insetos", ela mesma responde.

Não à toa. Bridget é organizadora do Pestival, um evento que acaba de ser realizado em Londres para chamar a atenção da população para a importância dos insetos.

O Pestival serviu pratos, sobremesas e até bebidas feitas com insetos. "Poucos surtaram. A maioria achou inspirador. Na Europa, cada vez se investe mais nesse assunto", diz Nickles.

O assunto também foi tema de documento divulgado em maio pela FAO (Agência de Agricultura e Comida da ONU), que incentiva a incorporação de insetos à dieta humana.

Entre os argumentos, está o de que algumas espécies precisam de 12 vezes menos alimento para produzir a mesma quantidade de proteína que o gado, proporcionalmente.

No Brasil, a presença de insetos na alta gastronomia ainda é bem restrita.

Mas há casos isolados, além do D.O.M., como o jantar feito pela mexicana Lourdes Hernández, em São Paulo, com formigas e grilos no início do ano. Não será repetido, porém -ela não encontra os ingredientes ("caríssimos") aqui.

Já o chef Thiago Castanho, do Remanso do Peixe e Remanso do Bosque, ambos em Belém (PA), pensa em servir o bicho-do-coco em suas casas, mas "de forma sutil para que não seja rejeitado".

CRIAÇÃO NÃO É LEGALIZADA NO BRASIL

No Brasil, nenhuma empresa tem autorização para criar insetos destinados à alimentação humana. Segundo o Ministério da Agricultura, uma empresa fez consulta para a atividade, mas não levou adiante o pedido de registro. Segundo o órgão, o processo de legalização da criação e comércio não se iniciou no país.


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