O chef Alex Atala, do D.O.M., anunciou ontem (dia 15) a criação de seu Instituto ATÁ, que tem como objetivo reforçar a relação do homem com a natureza por meio da produção de alimento.
A iniciativa busca expandir o trabalho que vem sendo desenvolvido desde o ano passado pela Retratos do Gosto, da qual Atala é um dos criadores. A marca, incorporada pelo instituto, dá apoio ao pequeno produtor e reverte parte do lucro arrecadado com os produtos em pesquisa.
"O maior elo entre natureza e cultura é a cozinha. É o que explica o sucesso mundial que ela tem hoje. Mas não dá para resolver o problema do alimento como cozinheiro. Precisamos de outras inteligências para criar esse caminho", diz Atala à Folha.
Estão envolvidos no projeto o ambientalista Roberto Smeraldi, da Oscip Amigos da Terra, o antropólogo Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (ISA), entre outros profissionais de áreas como publicidade, fotografia, jornalismo e administração.
Atala pretende propor, por exemplo, a revisão da legislação referente à produção de mel de abelhas mansas brasileiro. Atualmente, só pode ser chamado de "mel" o produto das abelhas estrangeiras, introduzidas no Brasil no século 19.
"Não é uma briga fácil por se tratar de segurança alimentar. Mas acreditamos que o produto abre possibilidade para os chefs, para o mercado gourmet, para a ciência e dá fonte de renda para a população. É a estruturação de uma cadeia completa", diz o chef.
Outra iniciativa envolve a baunilha do cerrado, produto ainda selvagem. A ideia é estruturar um consórcio de famílias nas regiões de produção para que elas complementem suas rendas com a venda do produto, cobiçado pelos chefs.
"Atá" não é apenas referência ao nome do chef. Em tupi, é radical da palavra fogo. Na língua falada pelo grupo indígena Baniwa, é o nome de uma cuia usada para servir mingau.
O Instituto ainda não tem fonte de renda definida. Alex Atala espera que, em dois anos, o ATÁ se torne uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).