Folha de S. Paulo


A fofoca da economia de Temer

O discurso zapzap de Michel Temer que vazou nesta semana foi chamado de "programa". Mas quase nada havia ali além de intenções de "pacificação, sacrifícios e privatizações" e uma promessa caça-votos de socorro a Estados quebrados.

A fofoca pública sobre ministros da Fazenda por ora não passa de plantações e balões. Não se sabe o que seria o governo da economia sob Temer. Os nomes "cotados" em público nem trataram de sugestões com o ainda vice, talvez presidente.

No momento, Armínio Fraga não será ministro da Fazenda. Próximos de Michel Temer que não são políticos dizem que Henrique Meirelles também não vai para o trono de espinhos da economia. Mas neste mundo nada é inevitável além da morte e de impostos, apesar das "offshores".

Empresários e economistas sugerem nomes, mas não se sabe nem se eles chegaram ao cardápio de Temer. Uma ala de economistas tucanos sugere, por exemplo, o nome do senador tucano José Serra para a Fazenda (outra ala o detesta).

Curioso, banqueiros maiores têm apreço não só pela ideia de Serra no comando da economia, mas o imaginam um bom presidente. Geraldo Alckmin e, mais recentemente, Aécio Neves queimaram seus filmes entre alguns senhores da grande finança.

Serra é visto como economista heterodoxo e ultrapassado por financistas "médio grandes" e por economistas mais jovens (menos de 50). Um velho amigão de Michel Temer diz ainda que Serra "é ótimo", mas que seria bom saber se ele parou de criar arestas e ocupar espaço demais. O mesmo amigão diz que o vice talvez presidente gostaria mesmo é de nomear Armínio Fraga.

Outra ala do tucanato, anti-Serra e gente do mercado, sugere o nome discretíssimo de Amaury Bier, secretário de Política Econômica de FHC, presidente e sócio de Armínio Fraga na Gávea Investimentos. O entorno de Temer diz ter apenas ouvido "boatos" a respeito do nome de Bier.

Murilo Portugal, presidente da Febraban, é outra dessas sugestões no ar, cantada por economistas que já serviram sob FHC. Tem longa carreira no serviço público. Foi secretário do Tesouro nos governos de Itamar e FHC, quando foi apelidado de "Satânico Dr. No", por obviamente negar dinheiros. Foi secretário-executivo, "vice", de Antonio Palocci na Fazenda, anos Lula. Trabalhou no FMI e no Banco Mundial.

Na Febraban desde 2011, estranhou-se com Dilma Rousseff quando a presidente pretendeu baixar juros no grito. Era cotado para equipe econômica de Marina Silva, candidata em 2014. Um problema seria sua falta de gosto por política, um óbice também para outro nome reputado e hiperpresente nos debates, Marcos Lisboa.

Na fila do rumorejo também aparece Paulo Hartung (PMDB), pela terceira vez governador do Espírito Santo, com extensa carreira política, um dia próximo de Serra, diretor do BNDES nos anos FHC, tido como administrador capaz e rigoroso. Vai renunciar para assumir cargo num governo incerto?

Enfim, a Fazenda é o pilar da reconstrução, mas a ruína é extensa. Há obras sérias e urgentíssimas na Petrobras, no comando das concessões e privatizações, no BNDES, na Caixa, nas Minas e Energia, nas agências reguladoras, quase todas arrasadas sob Dilma. Talvez falte gente brilhante e politicamente capaz de cuidar de tanto estrago.


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