Folha de S. Paulo


Prosperidade para as massas domina o jogo de 2018

Reginaldo Pimenta-30.ago.2017/Raw Image/Folhapress
Rio de Janeiro - RJ - Rio 2016 - 30/08/2017 - Desemprego - Fila em frente a um shopping na Avenida Brasil, altura de Guadalupe, na Zona Norte do município. É que no centro comercial acontecerá um um feirão de empregos e, de acordo com as pessoas que aguardavam no local, serão oferecidas 200 vagas em diversas áreas, como operador de telemarketing, vigilante e porteiro. Um grupo de candidatos iniciou um tumulto por volta das 10h por não terem recebido senha e por não conseguirem acesso ao shopping. Eles ameaçaram fechar a Avenida Brasil mas o policiamento impediu - Foto: Reginaldo Pimenta / Raw Image ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
Confusão em shopping que oferecia vagas de emprego no Rio de Janeiro

SÃO PAULO - Após três anos nas profundezas da depressão econômica, submetida a choques políticos e noticiosos trepidantes, a sociedade brasileira parece ter entrado num período de certa "normalidade".

Como ocorre desde 1993, a um ano da eleição desponta nas pesquisas o nome no momento mais identificado com os pleitos redistributivos da parcela majoritária e mal remediada da população. Era Lula há 24 anos —depois substituído por FHC no correr da disputa. É Lula hoje.

Preocupações com as bases materiais da vida voltam a dominar os cálculos do eleitor. A corrupção chegou a ser citada por 37% dos entrevistados pelo Datafolha como o maior problema do país no auge da agonia de Dilma Rousseff, em março de 2016. Esse escore caiu à metade.

A cada dez eleitores hoje submetidos a essa consulta, sete apontam espontaneamente temas como saúde, educação, desemprego e violência. A excepcionalidade da Lava Jato e de seus filhotes talvez pudesse ajudar a eleger um presidente se a eleição ocorresse no ano passado. Em 2018, provavelmente não mais.

Quem quiser chegar lá precisará transmitir expectativa de prosperidade para as massas. Diante do esgotamento dos recursos públicos, da intolerância a mais impostos, da necessidade aritmética de reduzir gastos obrigatórios e do trauma do impeachment, o risco de vender-se na campanha algo impossível de cumprir será enorme.

Lula está disposto a correr esse risco, pois a retomada do poder tornou-se para ele questão de sobrevivência política e jurídica. A centro-direita, fragmentada num punhado de liliputianos afetados pela radioatividade de Temer, ainda não tem mensagem nem mensageiro para 2018.

A melhoria das condições de vida das pessoas nos próximos meses deve tornar o ambiente menos hostil para esse lado do tabuleiro. A ver se apenas a força da gravidade dará conta de equilibrar o jogo.


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